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Camponeses defendem Morales e cercam Santa Cruz
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da Folha Online
Sindicatos agrários, que apóiam o presidente Evo Morales, realizaram nesta quarta-feira um cerco ao departamento (Estado) opositor de Santa Cruz, bloqueando as principais estradas de acesso à região. A intenção dos manifestantes é impedir a saída de produtos e provocar o desabastecimento de alimentos e combustíveis.
Arte/Folha Online |
O principal ponto de bloqueio está localizado na cidade de Bulo Bulo, que liga o departamento de Santa Cruz a Cochabamba e La Paz, sob a liderança de produtores de coca e dos sindicatos de Chapare, que apóiam Morales e ajudaram a elegê-lo presidente em 2005.
"Cerco será mantido"
O governador da região cocaleira de Entre Rios, Emilio Zurita, afirmou que o cerco será mantido até que o prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, renuncie. Costas é o principal opositor de Morales e líder dos protestos contra o presidente que há três semana tomaram cinco departamentos dos nove do país.
Outra rota importante à Santa Cruz também foi fechada por camponeses, segundo o secretário de Relações da Federação dos Colonos de Santa Cruz, Juan Barea. "Estamos bloqueando os caminhos que unem Santa Cruz a Trinidad (Beni) e Cochabamba. Também decidimos tomar os prédios da prefeitura".
Carlos Hugo Vaca-9.set.2008/Reuters |
Soldados tentam conter protestos da oposição contra o governo de Evo Morales, no departamento de Santa Cruz, no sudeste da Bolívia |
Os bloqueios camponeses são coordenados pela Conalcam (Coordenadora Nacional para a Mudança), formada recentemente por sindicatos de trabalhadores e camponeses para apoiar o governo Morales.
"Também decretamos mobilização nacional permanente nos nove departamentos", disse o principal líder dos camponeses, Fidel Surco, à rádio católica Erbol. "Pedimos à população que saia às praças em todas as Províncias e municípios para defender a democracia e a unidade do país", afirmou Surco.
Os sindicatos agrários fazem frente aos protestos contra Morales, em que manifestantes invadiram e saquearam prédios públicos em Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca. Os governadores dessas regiões pedem a Morales a devolução de um repasse do imposto do gás, que o governo destinou a um programa de assistência aos idosos.
Os departamentos também defendem sua autonomia do governo central boliviano e se opõem a um projeto de uma nova Constituição que Morales tenta aprovar em referendo nacional.
Crise política
A crise política boliviana se agravou nesta quarta-feira, com a radicalização dos protestos contra Morales, em várias regiões do país, onde foram registrados ataques às infra-estruturas energéticas, prédios estatais e novos confrontos violentos entre manifestantes e policiais.
O governo denunciou hoje um atentado contra um gasoduto no sul do país, que provocou a diminuição em 10% do gás enviado ao Brasil, informou o presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Santos Ramírez. Ele atribuiu o atentado a grupos de "paramilitares, fascistas e terroristas", supostamente organizados por forças opositoras.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, anunciou que o governo mobilizará a partir de hoje uma "presença militar maior" nas instalações petrolíferas para evitar "os atentados criminosos".
Em Tarija (sul) também ocorreram confrontos entre autonomista e pró-Morales na capital departamental, onde foi declarada uma greve que afetou o trânsito na cidade e as operações de seu aeroporto.
Diante desta situação, o governo da Bolívia denunciou que governadores e líderes cívicos opositores promovem uma nova modalidade de golpe de Estado, de caráter civil, para desestabilizar o Executivo com ocupações de entidades públicas, bloqueios de estradas e ataques aos campos de hidrocarbonetos do sudeste do país.
O porta-voz presidencial, Ivan Canelas, disse que os opositores autonomistas querem que o governo reaja de forma violenta aos protestos e desejam provocar até "uma ou duas mortes" para poder ter uma bandeira contra Morales.
Com France Presse
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