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08/12/2003
-
05h11
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Irlanda do Norte
Os irlandeses do sul avisam que não se deve falar de política nem de religião na Irlanda do Norte. Ufa, ainda sobra o futebol. A Província do Ulster --a Irlanda do Norte-- faz parte do Reino Unido e foi palco de duros conflitos político-religiosos, afastando turistas que poderiam aproveitar a ida à República da Irlanda, no sul, e seguir viagem para o norte.
Desde o acordo de 1998 (leia ao lado), Belfast, a capital da Irlanda do Norte, está reaprendendo a levar uma vida mais calma. Com uma população de 475 mil pessoas, a cidade fica num vale entre o mar do Norte e a montanha.
Em comparação à República da Irlanda, as ruas da capital da Irlanda do Norte são menos limpas e conservadas. Os prédios têm estilo vitoriano, e as cores das paredes de estreitos becos que ligam ruas são apagadas.
Os taxistas aproveitam a história, mesmo triste, que deixou mais de 3.500 mortos durante os anos de conflito, e fazem tours pelo oeste da cidade, onde fica o bairro operário. Lá, a divisão geográfica entre católicos e protestantes torna-se clara.
Só não pegue os táxis pretos, pois, dependendo da rua em que você for tomá-los, os carros só circularão por um dos bairros.
"É uma terra de contradições", diz o guia Ken McElroy. A contradição explica-se. Segundo McElroy, no centro de Belfast, católicos e protestantes frequentam os mesmos pubs e dividem a mesma calçada sem qualquer separação.
Para reconhecer em que terreno religioso e político está se pisando, deve-se dirigir o olhar para os murais e não para as pessoas.
Nas primeiras pinturas, sabe-se que a divisão começou. Próximo à sede do Sinn Fein, braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês), os desenhos revelam simpatia por outros movimentos separatistas, como o grupo terrorista ETA, da Espanha.
Num outro mural aparece o rosto de Bobby Sands, que participou de uma greve de fome nos anos 80. Morto, ele se tornou um dos heróis do IRA.
Na área de transição entre um lado e outro, erguem-se muros e cercas de metal. Há casas vazias.
Na mudança para o bairro protestante, os desenhos ganham rosas para indicar que fazem parte do Reino Unido. Nos pintados nas casas de operários, combatentes cobrem os rostos com máscaras pretas e metralhadoras. Os inocentes mortos em conflito também são homenageados com retrato à mostra nas paredes.
Os mais belos murais são os que deixam de retratar a violência. Exaltam a cultura e a tradição celta. Sabe-se que o carro está do lado católico novamente.
Tours de táxi - The Original Black Taxi Tours: tours@tobbtt.com; www.tobbtt.com; Belfast City Black Tours: www.allirelandtours.com.
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MARGARETE MAGALHÃESEnviada especial da Folha de S.Paulo à Irlanda do Norte
Os irlandeses do sul avisam que não se deve falar de política nem de religião na Irlanda do Norte. Ufa, ainda sobra o futebol. A Província do Ulster --a Irlanda do Norte-- faz parte do Reino Unido e foi palco de duros conflitos político-religiosos, afastando turistas que poderiam aproveitar a ida à República da Irlanda, no sul, e seguir viagem para o norte.
Desde o acordo de 1998 (leia ao lado), Belfast, a capital da Irlanda do Norte, está reaprendendo a levar uma vida mais calma. Com uma população de 475 mil pessoas, a cidade fica num vale entre o mar do Norte e a montanha.
Em comparação à República da Irlanda, as ruas da capital da Irlanda do Norte são menos limpas e conservadas. Os prédios têm estilo vitoriano, e as cores das paredes de estreitos becos que ligam ruas são apagadas.
Os taxistas aproveitam a história, mesmo triste, que deixou mais de 3.500 mortos durante os anos de conflito, e fazem tours pelo oeste da cidade, onde fica o bairro operário. Lá, a divisão geográfica entre católicos e protestantes torna-se clara.
Só não pegue os táxis pretos, pois, dependendo da rua em que você for tomá-los, os carros só circularão por um dos bairros.
"É uma terra de contradições", diz o guia Ken McElroy. A contradição explica-se. Segundo McElroy, no centro de Belfast, católicos e protestantes frequentam os mesmos pubs e dividem a mesma calçada sem qualquer separação.
Para reconhecer em que terreno religioso e político está se pisando, deve-se dirigir o olhar para os murais e não para as pessoas.
Nas primeiras pinturas, sabe-se que a divisão começou. Próximo à sede do Sinn Fein, braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês), os desenhos revelam simpatia por outros movimentos separatistas, como o grupo terrorista ETA, da Espanha.
Num outro mural aparece o rosto de Bobby Sands, que participou de uma greve de fome nos anos 80. Morto, ele se tornou um dos heróis do IRA.
Na área de transição entre um lado e outro, erguem-se muros e cercas de metal. Há casas vazias.
Na mudança para o bairro protestante, os desenhos ganham rosas para indicar que fazem parte do Reino Unido. Nos pintados nas casas de operários, combatentes cobrem os rostos com máscaras pretas e metralhadoras. Os inocentes mortos em conflito também são homenageados com retrato à mostra nas paredes.
Os mais belos murais são os que deixam de retratar a violência. Exaltam a cultura e a tradição celta. Sabe-se que o carro está do lado católico novamente.
Tours de táxi - The Original Black Taxi Tours: tours@tobbtt.com; www.tobbtt.com; Belfast City Black Tours: www.allirelandtours.com.
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