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08/12/2003
-
05h42
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Irlanda
Antes de alçar vôos mais altos pelo mundo, o "irish coffee" --drinque irlandês tão popular quanto a nossa caipirinha-- foi servido num lugar bem propício: o aeroporto de Foynes. O Brasil ainda teve uma certa participação no nome da estranha composição de café, uísque, açúcar e creme, criada em 1943 pelo chef Joe Sheradon, na pequena cidade de Foynes, no Condado de Limerick.
História 1: tempo ruim para voar, passageiros e pilotos aguardam no aeroporto. Faz frio. Pegaria mal para o barman servir bebida alcoólica para pilotos. Tem uma idéia. Barman disfarça e adiciona uísque ao café dos pilotos.
História 2: capitão de aeronave rumo à Nova York, no meio do caminho, precisa voltar para Foynes por causa de uma tempestade. Passageiros chegam de volta ao aeroporto e estão batendo o queixo. Não há muitos ingredientes para preparar algo. Barman usa criatividade. Para esquentar os friorentos passageiros, decide pôr uma dose do destilado no café.
Variações sobre o mesmo tema são contadas com mais ou menos pitadas de humor. A história oficial contada em Foynes, que hoje abriga um museu, é a segunda.
Num vídeo, aprende-se que o aeroporto de Foynes foi o primeiro da Irlanda a fazer viagens transatlânticas. Na época, eram grandes hidroaviões que cruzavam o oceano. O local também foi usado como base na Segunda Guerra Mundial, apesar de a Irlanda ter sido neutra no conflito. As operações foram encerradas em 1945, quando não era mais necessário às aeronaves amerissar (pousar na água), e transferidas para Shannon, no mesmo Condado.
Voltando ao café irlandês. Em Shannon, o criativo Sheradon continuou a servir o drinque inventado em Foynes. Num aeroporto, não foi difícil que a receita voasse para a América e depois alçasse outros vôos pelo resto do mundo. Em 1950, um jornalista americano levou a receita para o Buena Vista Café, em San Francisco. Dois anos depois, o próprio Sheradon foi convidado a trabalhar no bar da Califórnia.
E o Brasil?
Onde entra a participação do Brasil nessa história? Ao experimentar a bebida, um passageiro americano indaga: "É café brasileiro?". "Não", responde o chef. "É café irlandês."
Em tempo. Para não cometer uma gafe, jamais mexa o creme que fica no topo do café com a colher, como se faz com cafezinho.
"É um crime da mais alta periculosidade", alerta Margaret O'Shaughnessy, curadora do museu. O segredo, diz ela, é conservar o creme no copo até a última gota tomada. "Slainta!" (Saúde, em gaélico.)
Museu Foynes - Funciona de 31 de março a 31 de outubro todos os dias, das 10h às 18h; Condado de Limerick; tel.: 00/xx/3/53/696-5416; www.webforge.net/foynes.
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MARGARETE MAGALHÃESEnviada especial da Folha de S.Paulo à Irlanda
Antes de alçar vôos mais altos pelo mundo, o "irish coffee" --drinque irlandês tão popular quanto a nossa caipirinha-- foi servido num lugar bem propício: o aeroporto de Foynes. O Brasil ainda teve uma certa participação no nome da estranha composição de café, uísque, açúcar e creme, criada em 1943 pelo chef Joe Sheradon, na pequena cidade de Foynes, no Condado de Limerick.
História 1: tempo ruim para voar, passageiros e pilotos aguardam no aeroporto. Faz frio. Pegaria mal para o barman servir bebida alcoólica para pilotos. Tem uma idéia. Barman disfarça e adiciona uísque ao café dos pilotos.
História 2: capitão de aeronave rumo à Nova York, no meio do caminho, precisa voltar para Foynes por causa de uma tempestade. Passageiros chegam de volta ao aeroporto e estão batendo o queixo. Não há muitos ingredientes para preparar algo. Barman usa criatividade. Para esquentar os friorentos passageiros, decide pôr uma dose do destilado no café.
Variações sobre o mesmo tema são contadas com mais ou menos pitadas de humor. A história oficial contada em Foynes, que hoje abriga um museu, é a segunda.
Num vídeo, aprende-se que o aeroporto de Foynes foi o primeiro da Irlanda a fazer viagens transatlânticas. Na época, eram grandes hidroaviões que cruzavam o oceano. O local também foi usado como base na Segunda Guerra Mundial, apesar de a Irlanda ter sido neutra no conflito. As operações foram encerradas em 1945, quando não era mais necessário às aeronaves amerissar (pousar na água), e transferidas para Shannon, no mesmo Condado.
Voltando ao café irlandês. Em Shannon, o criativo Sheradon continuou a servir o drinque inventado em Foynes. Num aeroporto, não foi difícil que a receita voasse para a América e depois alçasse outros vôos pelo resto do mundo. Em 1950, um jornalista americano levou a receita para o Buena Vista Café, em San Francisco. Dois anos depois, o próprio Sheradon foi convidado a trabalhar no bar da Califórnia.
E o Brasil?
Onde entra a participação do Brasil nessa história? Ao experimentar a bebida, um passageiro americano indaga: "É café brasileiro?". "Não", responde o chef. "É café irlandês."
Em tempo. Para não cometer uma gafe, jamais mexa o creme que fica no topo do café com a colher, como se faz com cafezinho.
"É um crime da mais alta periculosidade", alerta Margaret O'Shaughnessy, curadora do museu. O segredo, diz ela, é conservar o creme no copo até a última gota tomada. "Slainta!" (Saúde, em gaélico.)
Museu Foynes - Funciona de 31 de março a 31 de outubro todos os dias, das 10h às 18h; Condado de Limerick; tel.: 00/xx/3/53/696-5416; www.webforge.net/foynes.
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