Menos de dois meses após deixar o Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso teve seu último voto na corte esquecido por antigos colegas.
Peluso se aposentou no final de agosto, ao completar 70 anos. Ele participou apenas da análise da primeira parte da denúncia, que abordou desvios de recursos na Câmara e do fundo Visanet, ligado ao Banco do Brasil.
Suas sugestões para a condenação de parte dos réus do mensalão não foram colocadas em votação no primeiro dia da definição das penas, que começou na terça-feira com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Os parâmetros de Peluso deixaram de ser considerados pelos ministros nos crimes de corrupção ativa e peculato (desvio de recursos por servidor público). O voto foi contabilizado como vencido apenas no segundo dia.
Ontem, para evitar a mesma situação, a defesa de Ramon Hollerbach, ex-sócio de Valério, pediu ao presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto que ele lembrasse a proposta do ex-colega logo depois da fala do relator do caso, Joaquim Barbosa.
O pedido provocou uma risada irônica de Barbosa, dizendo que os números de Peluso levariam à prescrição.
A intervenção do advogado Hermes Guerrero não adiantou. Novamente, o voto de Peluso ia ficando de fora da primeira discussão sobre a pena. Diante do novo esquecimento, ele voltou à tribuna cobrando a inclusão das penas de Peluso, o que foi feito.
As penas de Peluso foram mais brandas do que as fixadas pelo relator. Antes do julgamento, petistas temiam a participação de Peluso por considerarem que ele seria um juiz mais linha-dura.