O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), já tem pronto um plano B para a hipótese de derrota de seu candidato e padrinho político, José Serra (PSDB), no domingo.
Para ter poder de barganha num eventual governo de Fernando Haddad (PT), Kassab articula seu próprio "centrão", com ao menos 15 vereadores, para manter a presidência da Câmara Municipal.
A costura está em curso num momento em que tucanos e aliados admitem como real a vitória do PT. A larga vantagem de Haddad -de 15 pontos no Datafolha divulgado ontem- consolidou o sentimento entre serristas.
Ainda que os números sejam mais favoráveis para o tucano do que nos últimos levantamentos, a hipótese de derrota não é descartada nem nas pesquisas da campanha.
O presidente da Assembleia Legislativa, Barros Munhoz (PSDB), reconhece que a "situação de Serra é difícil". Mas não impossível", diz.
Um dos principais conselheiros políticos de Serra, o senador Aloysio Nunes Ferreira afirma que "o cenário é duro". Segundo ele, a esperança está no universo de eleitores indecisos (6%).
"As pesquisas não nos sorriem. Mas vamos lutar, com expectativa de vitória, até as 19h de domingo", disse Walter Feldman, um dos coordenadores da campanha.
Presidente municipal do PSDB e secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini diz que a estabilidade do petista na liderança é obstáculo para Serra. "Nosso desafio é conquistar os indecisos."
'CENTRÃO'
Em meio ao desânimo no front tucano, Kassab está procurando vereadores do PSB, PV e PP, além de seu próprio PSD, para compor um bloco que, somado às bancadas do PT e PMDB, garanta maioria a Haddad na Câmara. Uma reunião formal é esperada para a próxima terça-feira.
Esse bloco deve ser o fiel da balança na Câmara, a exemplo de como funcionou o "centrão" na administração Serra/Kassab.
Criado em 2005, o bloco pluripartidário chegou a reunir 17 vereadores e foi combatido por Kassab na eleição da presidência da Casa, em 2010.
Criado o novo "centrão", o prefeito dependerá dos liderados de Kassab para aprovar projetos. Na avaliação de aliados, Kassab já pagou o que devia a Serra, de quem foi vice em 2004, e planeja voo solo.
Além de manter cacife político na cidade, Kassab sonha com uma cadeira em um ministério. A reforma da presidente Dilma Rouseff é esperada para este ano.
"Estamos com Serra até o último segundo. Passada a eleição, somos uma bancada forte que vai procurar seu espaço", sintetiza o líder do PSD, Marco Aurélio Cunha.
Vereador mais votado nessa eleição. Roberto Tripoli (PV) diz que o prefeito "tem muitos amigos na Câmara". "A discussão só começa na segunda-feira."
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19%
foi a abstenção, no Estado de São Paulo, no 2º turno do último grande embate entre PT e PSDB: a eleição presidencial de 2010
VIZINHANÇA
As regiões centro e oeste de SP, onde Serra lidera, são as que têm os moradores mais satisfeitos com seus bairros, segundo a pesquisa DNA Paulistano
RELIGIÃO
De acordo com a pesquisa, os cortejados evangélicos pentecostais são em menor número onde Serra é líder: Consolação, Jardim Paulista e Vila Mariana