Acuado, ex-estrategista pede desculpas por declarações sobre Trump

Crédito: Carlos Barria - 22.jan.2017/Reuters O ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, conversa com Trump em janeiro de 2017
O ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, conversa com Trump em janeiro de 2017

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

Isolado após fazer ácidas críticas ao presidente Donald Trump, o ex-assessor da Casa Branca Steve Bannon soltou uma nota apologética neste domingo (7), dizendo "lamentar" a repercussão negativa de suas declarações e reafirmando seu "inabalável apoio" a Trump.

De ícone do movimento alt-right, ligado a pautas nacionalistas e supremacistas, Bannon passou a pária depois de afirmar, em um novo e polêmico livro sobre os bastidores da Casa Branca, que o filho de Trump tomou "atitudes antipatrióticas" ao participar de uma reunião com uma informante russa -além de sustentar que as chances de o republicano terminar o mandato são de uma em três, e dizer que o presidente "perdeu" a mão.

Trump ficou furioso com as declarações de Bannon, o apelidou de "Steve descuidado" e "vazador", e disse que o ex-assessor "perdeu a cabeça".

"Eu lamento que a minha demora em responder aos imprecisos relatos sobre Don Jr. [filho de Trump] tenha desviado a atenção das históricas conquistas do presidente neste primeiro ano de mandato", afirmou o ex-estrategista-chefe da Casa Branca, neste domingo (7).

Ele ainda disse que o filho do republicano é "patriota e um bom homem", e que seus comentários sobre a reunião com os russos, que está sob investigação do FBI, "não miravam Don Jr.".

"Não houve conluio [da campanha com os russos] e a investigação [do FBI] é uma caça às bruxas", afirmou o ex-assessor, na nota.

Antes, em declarações ao jornalista Michael Wolff, autor do livro "Fire and Fury" (Fogo e Fúria, na tradução literal), Bannon dissera que a investigação do FBI é "um furacão de categoria cinco" e iria "quebrar Donald Jr. feito ovo em rede nacional".

ISOLADO

Bannon, um dos principais artífices da campanha e do início do governo Trump, vive um isolamento político desde a eclosão dos primeiros relatos sobre o livro, que foi lançado nesta semana.

Ele vem sendo criticado diariamente pelo presidente, que avançou com fúria contra o ex-assessor nas redes sociais —e também reservadamente. Segundo uma reportagem do site "Axios", Trump passou os últimos dias fazendo ligações a aliados, pedindo que escolhessem entre ele e Bannon.

Por causa disso, Bannon está sob ameaça de perder financiadores do site de notícias conservador "Breitbart", do qual é editor. A bilionária família Mercer, uma das principais financiadoras da campanha de Trump, foi a primeira a se manifestar contra ele, dizendo que "não apoia suas recentes ações e comentários".

A demora do ex-assessor em reagir à repercussão do livro -e, em especial, em negar suas declarações- provocou uma reação imediata na Casa Branca. Ainda na quarta (3), Trump soltou uma extensa nota minimizando o papel de Bannon no governo e dizendo que ele tinha "muito pouco a ver" com sua vitória.

O livro de Wolff, do qual Bannon foi uma das principais fontes, foi chamado de "fofoca de tabloide" e teve os métodos de apuração questionados, como o desrespeito a declarações dadas sob anonimato.

O autor voltou a se defender das críticas neste domingo (7), e afirmou que mantém sua apuração.

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