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Irã alerta Rússia contra aliança com seus inimigos
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DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Depois de anunciar que não negociará caso seja punido com uma quarta rodada de sanções da ONU contra seu programa nuclear, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que a Rússia não deve se aliar a inimigos da República Islâmica ao aprovar as punições propostas pelos EUA no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Não há um grande problema, mas eles devem ser cuidadosos para não ficarem do lado dos inimigos do povo iraniano", disse Ahmadinejad em entrevista coletiva em Istambul, onde participa de uma cúpula junto com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.
A Rússia costumava ser uma importante aliada do Irã, mas os dois países vêm tendo atritos por causa da decisão do Kremlin de apoiar as potências ocidentais na adoção de uma quarta rodada de sanções da ONU.
Putin, que irá se reunir com Ahmadinejad ainda nesta terça-feira, disse que a resolução do Conselho de Segurança já está "praticamente acertada", e que as sanções não devem ser "excessivas".
"O presidente do Irã está aqui e acho que... teremos uma oportunidade de discutir esses problemas, se o meu colega iraniano tiver tal necessidade", disse Putin numa entrevista coletiva ao lado do premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, anfitrião do fórum chamado "Medidas de Interação e Construção da Confiança na Ásia".
"Sou da opinião", prosseguiu Putin, "de que esta resolução não deve ser excessiva, não deve colocar a liderança do Irã e o povo iraniano numa situação complicada, que crie barreiras para o desenvolvimento da energia nuclear pacífica do Irã."
Acordo
Ahmadinejad disse que o acordo nuclear que ele fechou em maio com os governos da Turquia e Brasil foi uma oportunidade que não irá se repetir. O acordo, que se destinava a permitir novas negociações, foi rejeitado pelo Ocidente, que continua desconfiando de que o Irã pretende desenvolver armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
Pelo acordo que Brasil e Turquia mediaram, o Irã entregaria ao exterior 1.200 quilos de urânio baixamente enriquecido, para em troca receber, no prazo de um ano, 120 quilos de material nuclear enriquecido a 20 por cento para uso em um reator de pesquisas médicas.
O Irã diz, no entanto, que isso não lhe impediria de continuar enriquecendo urânio, o que o Ocidente não quer.
"Esperamos que eles possam usar essa oportunidade, mas dizemos que esta oportunidade não vai se repetir", alertou Ahmadinejad.
Turquia e Brasil, membros temporários do Conselho de Segurança, dizem que o acordo eliminaria a necessidade de sanções, já que criaria uma abertura diplomática para tratar de temas mais amplos relativos ao programa nuclear iraniano.
O presidente turco, Abdullah Gul, pediu na segunda-feira a Ahmadinejad que diga à comunidade internacional que o seu governo está preparado para cooperar e resolver a disputa a respeito do seu programa nuclear.
Resolução
Uma resolução que impõe a quarta rodada de sanções ao Irã por seu programa nuclear está pronta para ser votada pelo Conselho de Segurança da ONU, segundo um texto que circulou nesta segunda-feira.
Não foi marcada uma data para a votação, mas os EUA têm pressionado para uma ação rápida, possivelmente esta semana. O embaixador da França na ONU, Gerard Araud, disse ontem a jornalistas que a votação deve acontecer "em curtíssimo prazo". Já diplomatas ouvidos pela agência Reuters falaram que a votação deve ser na quarta-feira (9).
Os EUA e potências aliadas acusam o Irã de querer desenvolver armas nucleares, mas Teerã insiste que seu programa tem apenas fins pacíficos.
Os 15 membros do Conselho se reuniram a portas fechadas nesta segunda-feira, a pedido de Turquia e Brasil, para discutir como prosseguir com a resolução de sanções, após cinco meses de negociações.
Turquia, Brasil e Líbano não devem votar a favor da resolução, mas nenhum deles tem poder de veto no Conselho. Diplomatas ocidentais esperam que 12 países, incluindo todos os cinco membros com poder de veto, votem a favor da medida, assegurando que seja aprovada.
Sanções
O rascunho da resolução foi fruto de meses de conversas entre EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. As quatro potências ocidentais queriam medidas mais duras -- algumas tendo como alvo o setor de energia iraniano--, mas Rússia e China trabalharam duramente para amenizar as sanções.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, foi citado dizendo que o novo texto exclui sanções que iriam paralisar o Irã e, em vez disso, "concentra-se em medidas de não-proliferação e assegura ao máximo os interesses econômicos de Rússia e China".
A resolução pede por medidas contra novos bancos iranianos no exterior se houver suspeita de envolvimento com os programas de mísseis ou com o programa nuclear iraniano. Também há medidas de vigilância de transações com qualquer banco iraniano, incluindo o Banco Central do Irã. A resolução ainda amplia o embargo de armas contra Teerã.
Empresas e pessoas listadas nos anexos vão enfrentar congelamento de bens e proibição de viagens internacionais.
O texto proíbe o Irã de buscar "qualquer atividade relacionada a mísseis balísticos capaz de desenvolver armas nucleares". Também proíbe investimento iraniano em atividades como mineração de urânio, e proíbe o país persa de comprar vários tipos de armas pesadas, como helicópteros de ataque e mísseis.
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