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08/06/2010 - 12h55

Reunião entre Irã e Rússia é desafio aos EUA, diz "NYT"

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DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Após afirmar que o Irã não vai negociar se receber sanções do Conselho de Segurança da ONU, o presidente Mahmoud Ahmadinejad deve se encontrar ainda nesta terça-feira (8) com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, para discutir as prováveis punições ao polêmico programa nuclear iraniano que a ONU espera implementar na quarta-feira (9).

Mais cedo, a Rússia já havia sinalizado que deve apoiar a quarta rodada de sanções contra Teerã, e o Irã alertou Moscou contra uma aliança com seus inimigos, numa clara referência aos Estados Unidos.

De acordo com o jornal americano "The New York Times", o encontro é mais um desafio à diplomacia de Washington, depois do acordo firmado no mês passado entre Brasil, Turquia e Irã.

"Se os EUA e seus aliados pensam que podem segurar o bastão das sanções e depois sentar e negociar conosco, estão seriamente equivocados", disse Ahmadinejad numa conferência de imprensa na Turquia.

A Rússia costumava ser uma importante aliada do Irã, mas os dois países vêm tendo atritos por causa da decisão do Kremlin de apoiar as potências ocidentais na adoção de uma quarta rodada de sanções da ONU.

Segundo o "NYT", o governo americano teria derrubado as sanções contra a agência de exportação de armas russa e outras três entidades russas que transferiram tecnologia ou armas ao Irã, em troca do apoio às sanções contra a República Islâmica.

Funcionários dos governos americano e russo disseram ainda que a resolução da ONU vai proibir muitas vendas de armas ao Irã, mas não influenciará na venda dos mísseis antiaéreos S-300 a Teerã, um contrato que a Rússia suspendeu, mas não cancelou.

Putin disse que a resolução do Conselho de Segurança já está "praticamente acertada", e que as sanções não devem ser "excessivas".

"O presidente do Irã está aqui e acho que... teremos uma oportunidade de discutir esses problemas, se o meu colega iraniano tiver tal necessidade", disse Putin numa entrevista coletiva. Mas apesar de apoiar as medidas, ele chamou o programa nuclear iraniano de pacífico.

"Eu tenho a opinião de que esta resolução não deve ser desnecessária e não deve colocar a liderança iraniana e seu povo em dificuldades", argumentou.

Fontes anônimas russas, ouvidas por agências de notícias internacionais como Reuters e France Presse, também disseram que a Rússia já aprovou o texto de resolução das sanções.

"Não há um grande problema, mas eles devem ser cuidadosos para não ficarem do lado dos inimigos do povo iraniano", disse Ahmadinejad em entrevista coletiva em Istambul, se dirigindo a Rússia.

A Rússia está construindo a primeira usina nuclear do Irã, que deve começar a operar em agosto deste ano. Segundo os russos, a resolução do Conselho de Segurança da ONU não afetará os planos.

EUA

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse nesta terça-feira em Londres que espera as novas sanções do Conselho de Segurança da ONU sejam adotadas em breve.

"Sou otimista que uma resolução será aprovada em breve", disse Gates à imprensa. "Não acho que ainda perdemos a oportunidade de impedir que os iranianos desenvolvam armas nucleares", completou.

Uma resolução que impõe a quarta rodada de sanções ao Irã por seu programa nuclear está pronta para ser votada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Não foi marcada uma data para a votação, mas os EUA têm pressionado para uma ação rápida, possivelmente esta semana. O embaixador da França na ONU, Gerard Araud, disse ontem a jornalistas que a votação deve acontecer "em curtíssimo prazo". Já diplomatas ouvidos pela agência Reuters falaram que a votação deve ser na quarta-feira (9).

Os EUA e potências aliadas acusam o Irã de querer desenvolver armas nucleares, mas Teerã insiste que seu programa tem apenas fins pacíficos.

Os 15 membros do Conselho se reuniram a portas fechadas nesta segunda-feira, a pedido de Turquia e Brasil, para discutir como prosseguir com a resolução de sanções, após cinco meses de negociações.

Turquia, Brasil e Líbano não devem votar a favor da resolução, mas nenhum deles tem poder de veto no Conselho. Diplomatas ocidentais esperam que 12 países, incluindo todos os cinco membros com poder de veto, votem a favor da medida, assegurando que seja aprovada.

Acordo

Ahmadinejad disse que o acordo nuclear que ele fechou em maio com os governos da Turquia e Brasil foi uma oportunidade que não irá se repetir. O acordo, que se destinava a permitir novas negociações, foi rejeitado pelo Ocidente, que continua desconfiando de que o Irã pretende desenvolver armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.

Pelo acordo que Brasil e Turquia mediaram, o Irã entregaria ao exterior 1.200 quilos de urânio baixamente enriquecido, para em troca receber, no prazo de um ano, 120 quilos de material nuclear enriquecido a 20 por cento para uso em um reator de pesquisas médicas.

O Irã diz, no entanto, que isso não lhe impediria de continuar enriquecendo urânio, o que o Ocidente não quer.

"Esperamos que eles possam usar essa oportunidade, mas dizemos que esta oportunidade não vai se repetir", alertou Ahmadinejad.

Turquia e Brasil, membros temporários do Conselho de Segurança, dizem que o acordo eliminaria a necessidade de sanções, já que criaria uma abertura diplomática para tratar de temas mais amplos relativos ao programa nuclear iraniano.

O presidente turco, Abdullah Gul, pediu na segunda-feira a Ahmadinejad que diga à comunidade internacional que o seu governo está preparado para cooperar e resolver a disputa a respeito do seu programa nuclear.

Sanções

O rascunho da resolução foi fruto de meses de conversas entre EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. As quatro potências ocidentais queriam medidas mais duras -- algumas tendo como alvo o setor de energia iraniano--, mas Rússia e China trabalharam duramente para amenizar as sanções.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, foi citado dizendo que o novo texto exclui sanções que iriam paralisar o Irã e, em vez disso, "concentra-se em medidas de não-proliferação e assegura ao máximo os interesses econômicos de Rússia e China".

A resolução pede por medidas contra novos bancos iranianos no exterior se houver suspeita de envolvimento com os programas de mísseis ou com o programa nuclear iraniano. Também há medidas de vigilância de transações com qualquer banco iraniano, incluindo o Banco Central do Irã. A resolução ainda amplia o embargo de armas contra Teerã.

Empresas e pessoas listadas nos anexos vão enfrentar congelamento de bens e proibição de viagens internacionais.

O texto proíbe o Irã de buscar "qualquer atividade relacionada a mísseis balísticos capaz de desenvolver armas nucleares". Também proíbe investimento iraniano em atividades como mineração de urânio, e proíbe o país persa de comprar vários tipos de armas pesadas, como helicópteros de ataque e mísseis.

 

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