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Cerca de 3,5 milhões de crianças estão sob risco após enchentes no Paquistão
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou nesta segunda-feira que ao menos 3,5 milhões de crianças estão expostas a um alto risco de contaminação e doenças fatais após as enchentes e fortes chuvas que deixaram ao menos 20% do Paquistão sob às águas nas últimas semanas.
Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), 14 milhões de pessoas foram afetadas de alguma forma pelas enchentes que se espalham pelo país e seis milhões delas são crianças. O governo paquistanês já fala em ao menos 20 milhões de afetados.
As estimativas de vítimas variam entre 1.200 e 1.600 mortos.
K.M. Chaudary/AP | ||
Sobrevivente das enchentes no Paquistão leva o que restou de seus pertences a local mais protegido |
"Até 3,5 milhões de crianças estão expostas ao risco de doenças mortais relacionadas à água", disse Maurizio Giuliano, porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha). ELe cita como exemplo a disenteria, hepatite A e E e febre tifoide.
De acordo com o Ocha, o Paquistão poderia viver uma segunda onda de mortes se não receber mais ajuda. "Nossa principal preocupação é a água e a saúde. A água potável é essencial para evitar surtos de doenças. Durante a inundação, a água ficou muito contaminado", disse Giuliano.
Giuliano disse também que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está preparada para tratar dezenas de milhares de pessoas em caso de surtos de cólera. "A OMS está a preparar para ajudar até 140 mil pessoas em caso de cólera, mas o governo (do Paquistão) não relatou qualquer caso confirmado".
As vítimas das enchentes no Paquistão bloquearam nesta segunda-feira uma estrada, armados com paus e tochas, em um protesto contra a demora do governo em levar ajuda emergencial --água limpa, comida e abrigo-- aos afetados.
Dezenas de homens e algumas mulheres tentaram bloquear as cinco faixas de uma estrada da cidade de Sukkur, uma das maiores cidades da Província de Sindh. Eles ameaçavam os motoristas com paus e tochas.
"Nós deixamos nossas casas com nada e agora estamos aqui sem roupas, sem comida, e nossas crianças estão vivendo na estrada", disse um dos manifestantes, Gul Hasan.
Hasan, como os outros manifestantes, foi retirado de sua vila e buscou refúgio em Sukkur. ELes estavam acampados em uma tenda improvisada de plástico do lado da estrada.
Na noite de domingo, centenas de manifestantes queimaram pneus e gritaram "derrubem o governo" em um outro protesto em Kot Addu, na Província de Punjab.
"Nós estamos morrendo de fome aqui. Ninguém apareceu para nos confortar", disse o manifestante Hafiz Shabbir.
UM QUARTO
Segundo a ONU, apenas um quarto dos US$ 459 milhões que pediu de ajuda à comunidade internacional chegou ao Paquistão.
"A velocidade com a qual a situação está se deteriorando pe assustadora", disse Neva Khan, diretor da ONG Oxfam.
Evan Echneider/AP | ||
Chuvas deixaram cerca de 20% do território paquistanês sob águas, incluindo cidade de Multan |
"As comunidades precisam desesperadamente de água limpa, latrinas e suprimentos de higiene, mas os recursos disponíveis cobrem apenas uma fração do que é necessário", disse.
As autoridades do Paquistão temem ainda uma piora da situação em duas represas que resistem por enquanto a pressão das águas no sudeste do país, onde continua havendo milhões de afetados.
"Há uma situação difícil nas represas de Guddu e Sukkur [na Província de Sindh]. [O temor das inundações] continuará nos próximos seis ou oito dias", previu um porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, Ahmad Kamal.
Segundo Kamal, o volume do fluxo está descendo no Punjab (leste), a região maior e mais povoada do país, após vários dias de temor pela situação de algumas grandes represas.
Em alguns pontos do Paquistão, o curso do Indo, que percorre o país de norte a sul, transbordou por extensões que chegam a 30 quilômetros de largura.
Segundo Kamal, o departamento de Meteorologia prediz chuvas até o próximo dia 15 de setembro.
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