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"Mercador da morte" apela ao premiê tailandês para evitar extradição aos EUA
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DA EFE, EM BANCOC (TAILÂNDIA)
O suposto traficante de armas russo Viktor Bout, conhecido como "mercador da morte", enviou nesta segunda-feira uma carta de 11 páginas ao primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, na qual afirma que sua vida e integridade correm risco se for extraditado aos Estados Unidos.
O Tribunal de Apelações da Tailândia decidiu extraditar Bout aos EUA, onde deve ser julgado por vender armas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), conspirar para assassinar a funcionários norte-americanos e comprar lança-foguetes antiaéreos.
Efe-Mar.08 |
Viktor Bout (centro), um dos maiores traficantes de armas do mundo, em foto tirada quando foi preso em Bancoc, na Tailândia |
Lak Nittiwattanawichan, advogado de Bout, leu à imprensa a carta na qual o suposto traficante solicita maior proteção e uma reunião com o líder tailandês para falar da extradição, que classificou de injusta e contrária às leis internacionais.
Fontes da Casa do Governo tailandês confirmaram ter recebido a carta.
Bout, ex-piloto e agente da KGB (o serviço secreto soviético), foi detido em março de 2008, no luxuoso hotel Sofitel de Bancoc, na Tailândia, por membros da agência antidroga dos EUA que se faziam passar por compradores de armas das Farc.
As autoridades tailandesas se disponibilizaram em princípio a processá-lo por um delito de apoio ao terrorismo, mas desistiram perante a falta de provas. Bout sairia livre se as apelações dos EUA pela extradição fossem rejeitadas.
Há mais de dois anos, ele é mantido em uma prisão de segurança máxima da capital tailandesa, na qual assegura ter sido tratado "pior que em Guantánamo" --uma referência à prisão para suspeitos de terrorismo mantida pelos EUA em Cuba.
Bout afirma ser um honrado empresário, fala seis idiomas e é conhecido por oito nomes diferentes. Ele nega envolvimento no tráfico ilegal de armas e alega que estava envolvido apenas no transporte das cargas.
Os serviços de inteligência britânicos e americanos sustentam que Bout dirigiu durante anos uma das maiores redes de contrabando de armas, formada por várias empresas para as quais trabalhavam 300 pessoas e que operavam com 40 aviões, a maior parte Antonov de fabricação russa.
Bout, cujo nome aparece em inúmeros relatórios da ONU por transgredir sanções internacionais e embargos de armas, foi acusado de fazer negócios com regimes e grupos da África e Ásia, com ditadores como o liberiano Charles Taylor e o líbio Muammar Gaddafi; e organizações como os talebans e a Al Qaeda.
Ele teria aproveitado o fim da União Soviética para comprar de generais corruptos e a baixo preços, arsenais inteiros na Bulgária, Moldova ou Ucrânia, para vendê-los a regiões de conflito, principalmente à África.
Bout teria fornecido ao menos 800 mísseis, 5.000 fuzis AK-47, minas e explosivos C-4 às Farc.
Sua fama inspirou o filme de Hollywood "O Senhor das Armas", cujo protagonista, interpretado por Nicolas Cage, relata orgulhoso que aproveitou a queda da União Soviética para ganhar muito dinheiro com os arsenais que adquiriu mediante subornos a generais corruptos.
Segundo o FBI (Polícia Federal americana), Bout também tentou adquirir uma bateria antiaérea e conspirou para assassinar cidadãos americanos ao fornecer armas para a rede terrorista Al Qaeda.
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