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02/09/2010 - 14h10

EUA anunciam novo diálogo de paz em duas semanas no Oriente Médio

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DE SÃO PAULO

Atualizado às 14h34.

O enviado especial dos Estados Unidos, George Mitchell, afirmou nesta quinta-feira que a próxima reunião direta entre os líderes palestino e israelense acontecerá no Oriente Médio, nos próximos dias 14 e 15 de setembro. Segundo ele, tanto o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, quanto o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, concordaram em se encontrar regularmente a cada duas semanas aproximadamente e com o prazo de um ano para o acordo.

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Mitchell afirmou que os detalhes do primeiro diálogo de paz direto em 20 meses serão mantidos em sigilo, a pedido dos dois líderes, devido à sensibilidade das conversas.

Questionado por jornalistas, ele afirmou que os assuntos mais cruciais, como a existência dos dois Estados, o fim de todas as formas de violência e os assentamentos judaicos na Cisjordânia, foram debatidos na reunião preliminar. "Nenhuma determinação foi feita. [...] Não foi uma ampla e significativa discussão em assuntos específicos", explicou Mitchell, acrescentando que o tema central de acordo entre os dois lados foi a necessidade de definir uma agenda para a discussão.

J. Scott Applewhite/AP
Enviado especial ao Oriente Médio, George Mitchell, revela pocuos detalhes sobre o primeiro diálogo direto de paz
Enviado especial ao Oriente Médio, George Mitchell, revela pocuos detalhes sobre o primeiro diálogo direto de paz

"Não há como separar o processo da substância", disse o diplomata americano, que afirmou que participará, assim como a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.

"Acredito fortemente que as reuniões possam produzir um acordo final que permita a criação de um Estado palestino e da segurança para os dois povos. É claro que a razão para haver uma negociação é haver diferenças, e elas são muitas, profundas sérias, e será necessária séria boa fé e sinceridade nos dois lados para o acordo ser alcançado".

"Mas não acho que qualquer problema humano pode ser solucionado, se um dos lados começar vendo [o problema] além do âmbito do possível. É como pensar: as montanhas muito altas, não vamos fazer a viagem", conclui, questionado diversas vezes sobre as dificuldades do diálogo.

TERMOS

Mais cedo, Netanyahu e Abbas fizeram uma declaração à imprensa em Washington (EUA). O líder israelense destacou a necessidade de garantir a segurança de Israel e do reconhecimento do Estado como nação dos judeus. Já o palestino lembrou que já há conquistas de acordos anterior que não devem ser ignoradas e reforçou o pedido pelo fim dos assentamentos em território palestino ocupado e o encerramento do bloqueio à faixa de Gaza --dois pedidos que Israel já demonstrou não estar disposto a ceder.

Netanyahu, o primeiro dos dois líderes a falar, adotou um tom cauteloso e disse que os dois lados terão que fazer duros comprometimentos para conseguir uma paz duradoura. Ele listou ainda o que considera os dois itens essenciais dentro das exigências israelenses --reconhecimento do Estado judeu e a garantia da segurança do território nacional.

Jim Young/Reuters
Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, dá declarações à imprensa ao lado dos líderes israelense, Binyamin Netanyahu, (esq.) e palestino, Mahmoud Abbas (dir.); os três retomam hoje as negociações diretas de paz
Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, dá declarações à imprensa ao lado dos líderes israelense, Binyamin Netanyahu, (esq.) e palestino, Mahmoud Abbas (dir.); os três retomam hoje as negociações diretas

"O povo de Israel está preparado para seguir por este caminho e avançar para trazer paz genuína, para trazer segurança, prosperidade e bons vizinhos", disse o premiê. "Desenhar uma realidade diferente entre nós envolverá uma grande negociação. E os principais assuntos são os que discordamos", reconheceu o premiê.

Netanyahu pediu assim que os palestinos estejam prontos para reconhecer Israel como Estado-nação do povo judeu e ressaltou que isso não significa que os cerca de 1 milhão de palestinos que vivem em Israel não terão seus direitos reconhecidos. Um discurso que parece ser um recado aos palestinos em seu pedido para que Israel encerre a construção dos assentamentos judaicos na Cisjordânia e aceitem eles também os israelenses que vivem em seu futuro Estado.

"Esse mútuo reconhecimento é indispensável para esclarecer para os dois povos que o conflito acabou", declarou o primeiro-ministro, que voltou ainda ao discurso da segurança e ressaltou que um acordo precisa incluir garantias de que Israel não será mais alvo de ataques com foguetes palestinos (a maioria lançados da faixa de Gaza, comandada pelo grupo rival de Abbas, o Hamas).

"É necessário garantir que possamos interromper outros assassinos. Eles querem matar nosso povo, nosso Estado, nossa segurança. Segurança é a fundação da paz, uma paz pode ser estável e durável".

METAS

Em seguida, o líder palestino Abbas também reconheceu que as negociações vão enfrentar obstáculos difíceis. Depois de garantir a Netanyahu que o reconhecimento do Estado judeu e a segurança de Israel são parte das concessões palestinas, o presidente da ANP revelou ainda a sua lista de pedidos: o fim das construções nos assentamentos e do bloqueio israelense à faixa de Gaza.

"Nós não estamos começando do zero. Tivemos várias rodadas de negociações entre OLP (Organização para a Libertação Palestina) e Israel, trabalharemos em todas as questões: água, segurança, refugiados e prisioneiros", disse. "Nós queremos marcar nosso compromisso, incluindo a segurança, e pedimos que Israel avance para encerrar os assentamentos e o bloqueio à Gaza".

Os pedidos, contudo, não devem ser bem recebidos por Netanyahu. O primeiro-ministro já declarou nesta quarta-feira que não está disposto a prorrogar o congelamento nas construções de assentamentos que acabará em 26 de setembro.

Horas antes, colonos judeus na Cisjordânia ocupada começaram novas construções, quebrando a moratória, e ameaçaram ainda um golpe para depor Netanyahu se ele não permitir oficialmente a retomada das obras após o dia 26.

O bloqueio à Gaza, importo por Israel em 2007, quando o Hamas tomou o controle do território à força, também não é um tema de concessões. Israel defende o bloqueio como forma de evitar que os milicianos do Hamas se armem e, diante da nova onda de violência protagonizada pelo grupo, vê seu argumento ainda mais fortalecido.

Abbas ressaltou ainda diversas vezes as conquistas já alcançadas em negociações anteriores de paz, como o acordo de Oslo, em 1993. Ressaltou que o pedido palestino para o direito de retorno de cerca de 4 milhões de refugiados palestinos, em sua grande maioria descendentes de 700 mil palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas terras durante a criação do Estado de Israel, em 1948, não é novidade e foi determinado em acordos internacionais.

"A solução justa dos refugiados palestinos está nas resoluções internacionais, não queremos mais, nem menos. Queremos uma nova era para o nosso povo, que traga prosperidade e paz".

Segundo Abbas, o acordo de Oslo servem ainda como prova de que as intenções palestina são boas. "Comprometimentos foram exigidos de nós e nós respeitamos nossos comprometimentos", disse.

"O que nos dá confiança [...] é que o caminho da lei internacional está representado pelo Quarteto do Oriente Médio.Todas estas posições representam referências internacionais nos objetivos que buscamos', disse Abbas, em referência ao grupo formado por EUA, Rússia, ONU e União Europeia, representado pelo ex-premiê britânico Tony Blair.

 

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