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06/07/2012 - 14h45

Fico com os olhos marejados quando recordo da Copa de 82, diz leitor

LEITOR PAULO SERGIO CARDOSO
DE CAMPINAS (SP)

Aquela, sem dúvida, foi a mais impressionante seleção brasileira que vi jogar. Hoje, toda vez que vejo algum daqueles jogadores na televisão, já com suas cabeleiras esbranquiçadas, imagino que, naquele momento, estão pensando na desgraça que foi aquele dia 5 de julho de 1982.

Conte para a Folha as suas memórias sobre o Brasil na Copa de 82
Juca Kfouri: Após eliminação no Sarriá, chorei pela segunda vez na vida
Há 30 anos, Brasil sofreu mais dolorosa derrota, mas não caiu uma lágrima
Vi a Copa de 82 com a certeza e a satisfação da vitória, diz leitor
Leitora lembra que durante jogo da seleção de 82 nem cachorro ficava na rua
Só pude lamentar quando Itália fez o terceiro gol, desabafa leitor
Para leitor, seleção de 82 era o time do Flamengo que todos admiravam

Naquele ano, tinha meus doze anos e estava na quarta série. Era um futebolista nato. Jogava bola o dia todo, colecionava álbum de figurinha da Copa de 82 (que tenho até hoje), e esperava ansiosamente o início da competição.

Enfim, teve inicio a Copa de 82 e fico até hoje com olhos cheios de lágrimas ao lembrar da felicidade que tive naquele ano e que foi interrompida pela fatídica tarde de 5 de julho.

Jamais vou me esquecer de todos os jogos em que a seleção brasileira fez naquela Copa. Lembro-me que tinha uma bolinha pequena de plástico, e que todas as tardes, após os jogos, era com ela que fazia os gols que a seleção não fez usando como trave a porta do quarto do meu tio Paulo [o bumba].

Fazia com extrema maestria e perfeição, como se o jornalista Luciano do Valle estivesse narrando meus chutes e cabeçadas naquele corredor apertado da minha sala.

Pois bem, enfim chegou o dia 5 de julho. Lembro que no "Jornal Nacional" do dia anterior, um repórter entrevistou um torcedor na qual foi indagado sobre como seria o jogo. Em resposta, esse torcedor disse que "colocaríamos tomate na macarronada dos italianos". Doce ilusão e sonho não realizado.

O jogo, em si, começou dramático. Logo no início o Toninho Cerezo deu aquele passe infeliz que, como o Emerson do Corinthians, aproveitou com fidelidade e marcou o primeiro gol em nós.

O gol do "Doutor" foi como se o mocinho tivesse acertado o bandido e a vingança tivesse sido a mais abundante possível. Todavia, Paolo Rossi não estava para brincadeira e fez o segundo.

No segundo tempo, o Falcão lavou a nossa alma e empatou. Talvez, a inocência do Telê Santana, ou a sua justeza, não permitiu que mandasse o time segurar o empate e o time continuo aberto almejando a vitória.

Depois de certo momento do jogo, já não consegui mais assistir e subi para a casa da minha tia, que talvez estivesse sozinha lá, pois a galera toda estava em casa assistindo ao jogo.

De repente, ouço que alguém fez um gol e saio na disparada, correndo para ver o terceiro gol do Brasil. Infelizmente, não era nosso o gol e sim do "nosso algoz", Paolo Rossi fazia o seu terceiro gol e selava o nosso destino.

O nosso bairro não ficou diferente da cidade fictícia de Sucupira, um verdadeiro deserto após o jogo. Não só o meu bairro e Sucupira que ficaram absolutamente desertos como minha mente e meu coração ainda estão para a seleção brasileira como esses lugares: um verdadeiro deserto.

Imagino que um dia, assim como o Juca Kfouri, algum daqueles companheiros: Sócrates, Zico, ou mesmo Serginho Chulapa, façam o terceiro gol e nós, assim, passaremos para a próxima fase, e, finalmente, seremos campeões, para fazer justiça num mundo de injustiças.

 

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