Roteiro especial revela Roma além dos cartões-postais
"Come sei bella Roma quando é sera." Os versos de uma antiga canção pop italiana traduzem bem o sentimento dos romanos em relação à própria cidade. A capital italiana é infinitamente mais bonita à noite. Os monumentos e ruínas espalhados por suas sete colinas ganham relevo sob o efeito das luzes amareladas.
A iluminação especial funciona como candelabros a decorar ruelas e avenidas, onde repousam milênios de história. À luz do dia, a cidade continua atraente, mas perde boa parte de seu encanto e romantismo.
Durante o dia, o vaivém frenético dos turistas pelos monumentos históricos forma uma espécie de cortina humana. A fontana de Trevi, por exemplo, fica tão apinhada de gente de todos os cantos do mundo, jogando suas indefectíveis moedas, que é difícil até achar um ângulo para fotografar a beleza desta Roma monumental.
Jeremy Edwards/StockPhoto |
À noite, o Coliseu ganha relevo sob o efeito de luzes amareladas; monumento histórico relembra a antiga Roma dos imperadores |
Quando o sol se põe, o local ganha magia. É impossível passear por ali e não se recordar da cena memorável em que a atriz sueca Anita Ekberg toma banho na fonte sob o olhar de Marcello Mastroiani em "A Doce Vida", de Federico Fellini.
Ao cair da noite, cessa a invasão de grupos monitorados por guias e suas bandeirinhas. Eles cedem lugar a casais de namorados e pequenos grupos de amigos. À medida que a noite avança, a praça vai se esvaziando e permitindo ao visitante mais atento apreciar toda a beleza da fonte dominada pela figura central de Netuno.
A Roma dos imperadores está logo adiante, no esqueleto do Coliseu e do fórum Romano, centro da vida cultural e política na Antigüidade. A Roma dos grandes artistas também se faz notar nas redondezas, por outras belas fontes que ornam praças cultuadas em todo o mundo.
Na piazza Navona, bem em frente à fontana dei Fiumi, fica o palácio Pamphili, construção barroca do século 17, sede da embaixada brasileira. Luxo dos luxos, a representação diplomática verde-amarela conta com afrescos de Pietro da Cortona e com uma galeria de Borromini.
Eliane Trindade/Folha Imagem |
Ruínas do fórum Romano, famoso local na cidade que era considerado o centro da vida cultural e política na Antigüidade |
Esses são, no entanto, roteiros bem explorados pelos guias turísticos. Existe ainda uma Roma desconhecida que o turista desavisado não vai levar para casa em fotos ou em vídeo. Um bom exemplo dessa cidade escondida é a piazza dei Cavalieri di Malta, na colina do Aventino, na margem esquerda do rio Tibre, não muito distante do centro histórico.
Lá estão os ciprestes, os muros pomposos e um detalhe encantador: pela fechadura de bronze do portão de entrada do mosteiro de número três da Ordem dos Cavaleiros de Malta avista-se, em perspectiva, a basílica de São Pedro, no Vaticano.
Em miniatura, vê-se a cúpula do grande templo do cristianismo, emoldurada por ciprestes. Um detalhe com que um arquiteto engenhoso brindou curiosos do mundo todo. É um pequeno tesouro guardado nos arredores do giardino degli Aranci. Dos jardins, mais adiante, pode-se apreciar a vista completa da basílica.
Do alto do monte Aventino, em uma aprazível área verde repleta de pinheiros e laranjeiras, outra bela visão, agora em tamanho natural. Embora sem o charme da ilusão de ótica da fechadura, que deixa turistas e romanos boquiabertos.
A jornalista Eliane Trindade viajou a convite da Alitalia.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade