Livro de Chico Buarque norteia roteiro em Budapeste
A angústia que transborda do rosto do Escritor Anônimo transformado em uma das estátuas mais visitadas da capital húngara não estará à toa no cenário do filme "Budapeste", baseado no livro homônimo de Chico Buarque. O escritor, o húngaro, foi o primeiro a transpor a história do país para uma obra literária --o Gesta Hungarorum--, sem jamais ter recebido o reconhecimento em vida por uma simples razão: sua identidade é desconhecida até hoje.
Não é exatamente o caso do escritor José Costa, o brasileiro, personagem principal da obra de Chico Buarque. Apesar da riqueza de detalhes, o compositor e escritor jura nunca ter pisado na cidade enquanto escrevia o livro. O escritor da ficção também leva como pode sua vida de "ghost writer", redigindo discursos, poemas e biografias para outra pessoa assinar.
Até que por acaso desembarca em Budapeste e conhece Kriska. A mulher, além de lhe ensinar o complicado idioma, vai mudar para sempre a trajetória do carioca.
Divulgação |
Gigantesca estátua de Lênin é transportada de balsa para o cenário do filme na cidade de Budapeste, capital da Hungria |
A Revista da Folha esteve na capital húngara para conhecer alguns dos destinos que o filme dirigido por Walter Carvalho levará à telona. Além da célebre escultura, o longa vai apresentar aos brasileiros a livraria Irok Boltja, o bar subterrâneo Kiadó Kocma, o barco-restaurante Europa e as pontes das Correntes e Margareth, que cortam o rio Danúbio.
Faz mais de cem anos que a estátua do Escritor Anônimo repousa em frente ao castelo de Vajdahunyad, hoje um museu situado no coração do parque municipal (Városliget). Nas mãos do escultor Miklós Ligeti, o tal escritor, que seria um historiador aos serviços do rei Béla 3o no final do século 12, ganhou um rosto.
Embora não forme uma face identificável, a expressão melancólica provoca todo o tipo de reação em quem passa. Sejam os jovens turistas italianos que fazem questão de posar para fotos debochadas no colo do solitário escritor, sejam os argentinos que tentam de todas as formas entender quem, afinal, é aquele homem, todo mundo parece atraído pela peça em bronze, cujos traços lembram a obra do francês Auguste Rodin. A lenda de que quem toca na caneta segurada pela mão direita do anônimo tem boa sorte nos estudos para o resto da vida alimenta a visita incessante dos turistas.
Apesar de Budapeste entrar cada vez mais no roteiro dos turistas na Europa e, assim, se firmar como a "Paris do leste", ela ainda não está preparada para tanta demanda.
Raros são os folhetos em inglês ou em outra língua. Mesmo a tradução dos incompreensíveis nomes dos pontos turísticos é difícil de encontrar. No entanto, não se pode negar que a língua, de tão estranha aos olhos e ouvidos ocidentais, acaba sendo um dos charmes da cidade.
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