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Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

Chame o Mendoncinha

Presidente Bolsonaro, não insista no 'chamado às armas'

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A situação política, social e econômica do Brasil é grave. Do ponto de vista político, o Executivo perdeu o seu protagonismo e vimos nascer uma disputa insana por aumento de espaço pelo Legislativo, pelo Judiciário e pelo Ministério Público para ocupar o “vácuo”. 

Essa disputa deixou as horríveis judicialização da política e a consequente politização da Justiça, que tornaram ainda mais difícil administrar o Brasil.

Do ponto de vista social, o voluntarismo praticado pelo PT entre 2012 e 2016 produziu o empobrecimento geral, destruiu a classe média e deixou o criminoso desperdício de 13 milhões de desempregados. Pior, há uma impotência do Estado para cumprir a sua mais fundamental função: garantir a integridade física dos seus cidadãos.

O presidente Jair Bolsonaro durante evento da Caixa Econômica Federal, em Brasília, neste mês - Adriano Machado/Reuters

Do ponto de vista econômico, o período foi devastador. Houve uma redução do PIB per capita da ordem de 0,4% ao ano e abriu-se um buraco de 4,7% do PIB em seis anos; o déficit fiscal cresceu de 2,3% para 9%, e a dívida bruta/PIB saltou de 54% para 70% do PIB. 

Na campanha de dois anos, Bolsonaro conheceu “in loco” essa situação. Bem cedo intuiu que poderia ter sucesso eleitoral apresentando soluções fáceis para problemas difíceis, acompanhadas da exploração da onda conservadora nos costumes. 

Com competência, demonizou o PT nas mídias sociais pelo desastre moral e econômico que produziu em seus 13 anos de governo. Um ato de um criminoso facilitou sua eleição: poupou-o das armadilhas da campanha!

Começou o governo escolhendo bons ministros. A exceção foram algumas áreas escuras (particularmente a Educação), mas perdeu-se quando, ao escolhê-los, confundiu a natural construção de uma maioria republicana para dividir o poder com os partidos do Congresso com corrupção. Um erro primário que agora está pagando.

Apenas um exemplo. Todos os anos temos “contingenciamentos” orçamentários (não atingem as despesas obrigatórias) porque a receita do Tesouro depende da “conjuntura” e, em condições adversas, não fazê-los pode levar ao impeachment, mas nunca houve tumulto. 

Qual a novidade de 2019? As tolices do ministro! A passeata não foi de “idiotas úteis” de uma suposta esquerda. Esta já não os coopta. Foi de uma sociedade (a maioria bolsonarista!) desiludida com o bestialógico que em 150 dias os seus dois ministros impuseram à Educação.

Presidente, não insista no “chamado às armas” para o que resta de seus seguidores. Qualquer que seja a resposta, apenas aumentará as tensões e fará mal a Vossa Excelência e ao Brasil. Mostre que entendeu a natureza da política republicana e entregue o setor a um político. Chame o velho “Mendoncinha” para ajudá-lo.

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