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A relação entre coesão social e áreas verdes

Estudos na Holanda indicam que residentes com menos acesso a esses espaços se sentem mais sós

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Em momentos como os de hoje, de polarização e fragmentação social, motivos de crescente preocupação, devemos procurar maneiras de ajudar a fortalecer as conexões humanas. Quando os laços sociais são cortados ou enfraquecidos, todos sofrem; mas a natureza pode ser um conector social poderoso.

Espaços verdes em áreas urbanas, sob vários aspectos, têm sido relacionados positivamente com benefícios à saúde. Contudo, a presença desses espaços nas cidades também passou a ser associada a formas de coesão social, envolvendo uma dinâmica interpessoal de conexão entre as pessoas.

Pesquisadores da estação de pesquisas da USDA Forest Service e da Faculdade de Saúde Pública da Emory University, ambas em Atlanta, nos EUA, estudaram como as interações positivas das pessoas com as áreas verdes podem catalisar a coesão social e promover o bem-estar. A compreensão da ambiência social relacionada com os espaços verdes urbanos pode propiciar o incremento de atividades físicas e comportamentos saudáveis.

Alguns pesquisadores sugerem que áreas onde as pessoas se sentem seguras e confortáveis para caminhar são propícias a percepções positivas de coesão social. Por outro lado, estudos mostraram que o nível de coesão social de um bairro percebido pelos pais está positivamente correlacionado com a quantidade de brincadeiras ao ar livre que as crianças podem desenvolver.

Pesquisas desenvolvidas na Austrália mostraram que coesão social e caminhadas recreativas estão relacionadas com a saúde mental e os baixos níveis de estresse. Estudos semelhantes na Holanda indicam que residentes com menos acesso a espaços verdes têm uma maior percepção de solidão e requerem mais apoio social.

Não só a presença, mas a qualidade dos espaços verdes pode estimular atividades que contribuem para o aumento da coesão social e seus efeitos positivos. Acessibilidade, distribuição geográfica adequada, instalações recreativas apropriadas, espaços para interação pessoal e oportunidades para que os residentes do entorno participem de trabalhos voluntários são características importantes, além do contato com a natureza para que os espaços verdes cumpram sua função socioecológica.

As áreas verdes devem ser convidativas e preparadas para acomodar a todos, inclusive aqueles socialmente isolados, como idosos e pessoas com deficiência. Sem isso, não poderemos ter um processo de coesão social completo. 

Segundo o arquiteto urbanista dinamarquês Jan Gehl, a interação social em espaços abertos oferece a oportunidade de estar com outras pessoas de uma maneira relaxante e pouco exigente. Estar entre outros, vendo e ouvindo, implica experiências positivas. A relação entre vizinhos cresce, principalmente, no curso de repetidos contatos visuais e saudações de curta duração. Portanto, espaços verdes, principalmente em áreas com alta densidade populacional, são essenciais para estabelecer uma interação social propícia entre as pessoas.

Embora ainda possam existir muitas questões sobre a relevância das áreas verdes no processo de coesão social, não pode ser descartado seu papel na contribuição para a melhoria da qualidade de vida, principalmente das pessoas socialmente excluídas. Existe claramente, hoje, a necessidade de planejamento para as comunidades de amanhã. Os espaços verdes urbanos devem ser incluídos nos planos de regeneração não só ambiental, mas também social e, consequentemente, acessível de forma adequada a todos, sem exceção.

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