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Trump merece título de Pelé da corrupção após última acusação na Justiça

Nunca é um bom sinal quando o título de um processo é 'Seu Nome vs. os Estados Unidos'

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Como num "hat-trick", quando um jogador marca três gols em uma mesma partida, a terceira acusação criminal contra Donald Trump faz dele o Pelé dos políticos desonestas... ou o Kim Jong-un do futebol. O recente indiciamento por quatro acusações afirma sua atuação na tentativa de invalidar a eleição dos Estados Unidos em 2020 para permanecer no poder.

Ele é acusado de conspirar para defraudar os EUA, de privar os eleitores de direitos e não só de interromper um processo oficial, como também de tentativa de interromper um processo oficial. Das muitas acusações que enfrenta, o resultado desse caso é o que poderá ter maior impacto para os EUA e para as democracias globais.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump participa de evento em Des Moines, no estado de Iowa - Stefani Reynolds - 12.ago.23/AFP

Vamos então mergulhar nas acusações, nas evidências e em sua defesa. Dica: nunca é um bom sinal quando o título de um processo é "Seu Nome vs. os Estados Unidos", embora "Trump vs. os Estados Unidos" renda um slogan de campanha altamente preciso para Trump em 2024. Ou isso ou "Faça a América Fraudada Novamente", em vez de "Faça a América Grande Novamente".

A acusação afirma que Trump fez falsas denúncias de fraude conscientemente, pressionou as autoridades a modificar os resultados do pleito e incitou a tentativa de insurreição de 6 de janeiro de 2021.

Um componente-chave das acusações é que Trump sabia que estava mentindo. Alguns apoiadores argumentam que isso invalida o caso, pois é impossível ver a mente dele e saber o que está em seu coração. Mas não poderíamos julgá-lo por nada caso estivéssemos nos baseando na suposição de que há algo em sua mente. E não há nada no coração de Trump além de uma quantidade perigosa de colesterol.

Embora nem mesmo os exames de varredura cerebral mais poderosos possam provar que Trump tem pensamentos, a acusação afirma que seu próprio Departamento de Justiça, o secretário de Justiça e seus principais assessores lhe disseram que não havia legitimidade em suas denúncias de fraude eleitoral.

Ainda mais convincente é que ele supostamente admitiu aos assessores que os processos de fraude eleitoral que moveu contra as empresas de urnas eletrônicas e promoveu publicamente para instigar seus apoiadores eram infundados, e seu conspirador num desses casos "parecia louco".

Há também testemunhas e evidências para sustentar as alegações de que, depois de não conseguir coagir muitos legisladores estaduais a votar contra os votos dados pela população, anulando assim a votação popular, Trump e seus aliados reuniram seus próprios falsos legisladores para fazê-lo e usaram isso para tentar certificar a eleição dele em vez da de Joe Biden. O que funciona, ao mesmo tempo, como um argumento da acusação e da incapacidade de Trump de pensar, tornando Trump inocente.

Com tantas evidências contundentes, Trump e sua equipe jurídica parecem estar tentando julgar esse caso no tribunal da opinião pública. Usando seus típicos métodos bombásticos, ele atacou os tribunais, o governo e as testemunhas, pintando-se de vítima política em luta pelos direitos das pessoas comuns.

Trump criticou de forma hilariante a acusação, dizendo que não pode ter um julgamento justo em Washington porque está, e esta é uma citação, "pedindo uma intervenção federal". É uma incrível escolha de palavras para se defender da acusação de liderar uma insurreição. É muito parecido com a vez em que fui inocentado de assassinato, mas o júri foi tendencioso contra mim pois matei as famílias dos jurados.

Agora, seus advogados tentaram pintar a acusação como um ataque à liberdade de expressão, já que muitos especialistas jurídicos sugeriram que, com os fatos aparentemente tão contra ele, a melhor defesa é se apoiar na liberdade de expressão e alegar ignorância. De toda a sua má sorte, seus advogados têm a sorte de que ignorância é a única defesa que todas as evidências provam... E isso ele tem de sobra.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves 

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