Já mencionei o comentário do humorista americano Josh Billings: "O que te prejudica não é aquilo que você não sabe, mas aquilo que você acha que sabe porém na verdade está errado". Sábio.

Não sei nada de português, mas já estive no Brasil várias vezes. Durante muitos anos pensei que a forma correta de eu agradecer era dizendo "obrigado", no masculino. Eu sabia. Mas não era assim.

Por volta da minha sétima viagem ao Brasil, fiquei sabendo que para mim, uma mulher declarada, tem que ser "obrigada", no feminino.

É bobagem uma mulher trans negar que é mulher, pelo menos para fins de reconhecimento educado das muitas coisas lindas que meus anfitriões fizeram por mim aí —como o meu amigo economista Ramon Fernandez e sua mulher, antropóloga, que me levaram para uma escola de samba em São Paulo. Louco! Obrigada!

A Lei da Cobrança às vezes não importa muito, como neste caso. Mas há uma tonelada de coisas que você sabe sobre economia e história econômica que não são verdade e que importam muito hoje.

Por exemplo, você provavelmente pensa que o "capitalismo" é novo. Você acha que economizar mais e trabalhar mais explicam o enriquecimento "capitalista". Pensa que o comércio ou os bancos, e não a nova ideia de liberal, nos enriqueceram. Que a Europa ficou rica roubando das colônias, como o Brasil. Que a escravidão causou o "capitalismo". Que essa escravização tornou a mão de obra um recurso barato para as plantações do Nordeste. Que, de qualquer maneira, ainda somos escravos assalariados. Que —esta é uma grande— a proteção contra a concorrência estrangeira ajuda o brasileiro médio.

Pensa que os impostos corporativos recaem sobre os acionistas ricos. Que o monopólio está aumentando. Que os recursos naturais são a base de uma economia. Que o aumento ou a redução da população é um grande problema. Que o acúmulo de capital é o modo como o crescimento econômico acontece. Que o "capitalismo" causou desigualdade.

Que a maioria dos empresários são ladrões. Que a inflação é causada pela ganância dos empresários. Que o sistema em que eles trabalham é mau. Que o "neoliberalismo" tornou os pobres mais pobres. E que os mercados, ao contrário do Estado moderno que os regula brilhantemente com a ajuda de economistas brilhantes, têm muitas, muitas e graves imperfeições.

Cada um desses fatos que você sabe serem verdadeiros demonstrou ser, na melhor das hipóteses, cientificamente duvidoso.

Ou, na maioria das vezes, simplesmente falsos.

Eles não são assim.

_{Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves}