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Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

Pilares desmoronam e Bolsonaro se entrega a estelionato eleitoral

Liberalismo econômico e combate à corrupção vão sendo abandonados pelo presidente

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Como era de se esperar desde que Jair Bolsonaro começou a abrir a boca e a agir em público após a campanha e a facada de 2018, sua administração à frente do Brasil está se esfacelando.

Os dois pilares de seu governo que atraíram a confiança de muitos empresários e eleitores indignados com as inconsistências econômicas e a corrupção nos governos Dilma Rouseff e Lula agora desmoronam, um atrás do outro.

O primeiro a cair foi parte o projeto liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, que sequer participou na quarta (22) do lançamento do PAC de Bolsonaro.

Com o projeto, o presidente reedita algumas das ideias desenvolvimentistas de Dilma e retoma a participação do Estado em obras públicas que nunca terminam.

Segundo o Tribunal de Contas da União, o Brasil tem pelo menos 12 mil obras paradas, ou cerca de 30% de todos os empreendimentos espalhados pelo país. Pelo menos 2,8 mil delas são do Programa de Aceleração do Crescimento de Dilma Rousseff.

O presidente Jair Bolsonaro deixa o Palácio da Alvorada, em Brasília - Evaristo Sá/AFP

Desesperado e pressentindo o tamanho da recessão econômica que se aproxima, Bolsonaro se move para tentar gastar um dinheiro público que não tem e rasga a fantasia do liberalismo com que tentava esconder suas verdadeiras convicções.

Alijado e ausente, não surpreenderá se Paulo Guedes também se movimentar para abandonar de vez o barco de Bolsonaro, destruindo o fiapo de confiança que as classes empresariais ainda depositam nesse governo.

Já a eventual saída de Sergio Moro da Justiça vai escancarar o bloqueio que a família Bolsonaro opera contra investigações perigosas, como a da “rachadinha" do senador Flávio no Rio e sobre as suspeitas de "fake news" de Carlos e Eduardo.

Ela minará também muito da sustentação popular de Bolsonaro, sobretudo entre aqueles brasileiros mais barulhentos que gostam de se vestir em verde e amarelo para sair às ruas condenando o PT e os políticos tradicionais do Brasil.

Mas é exatamente à velha guarda notória em casos ruidosos de Arthur Lira (Progressistas-AL), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Waldemar da Costa Neto (PL-SP), entre outros, que Bolsonaro recorre agora em busca de sustentação —antes que os efeitos da recessão e das mortes pela Covid-19 caiam de uma vez sobre seu governo.

Para quem condenava tudo o que está aí e a velha política, nada mais ultrapassado do que correr amedrontado para o colo do fisiológico centrão a fim de tentar salvar a própria pele.

Bolsonaro agora não passa de um estelionato eleitoral.

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