Siga a folha

Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

Bolsonaro sabota médicos e usa Brasil como cobaia

Ao recomendar cloroquina, presidente expõe agentes da saúde a enorme pressão

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Além de pregar contra as instituições e afugentar investidores, Jair Bolsonaro agora expõe os brasileiros a um experimento médico absurdo ao tentar enfiar-lhes goela abaixo a cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento do coronavírus.

As drogas, segundo dezenas de estudos, não são apenas ineficazes —oferecem perigo e podem matar. Mas elas agora fazem parte da orientação do Ministério da Saúde para que sejam administradas precocemente em pacientes infectados pela Covid-19.

A covardia do governo impediu que os medicamentos integrem um protocolo formal do ministério, o que exigiria a assinatura de um médico. O subterfúgio foi publicar um documento de “orientações" da pasta, sem um responsável, mas que sugere inclusive as dosagens a serem utilizadas.

Com os leitos de UTI chegando ao fim em muitos estados, não tardará para que a população em desespero ouça o garoto propaganda Bolsonaro e passe a constranger médicos contrários ao uso da cloroquina.

Venda de hidroxicloroquina em farmárcia na Índia - Narinder Nanu/AFP

Com as drogas agora recomendadas pelo próprio Ministério da Saúde (tocado por um militar do mesmo Exército que as produz e faz sua distribuição), será difícil para os médicos convencer os pacientes a caírem fora do experimento idealizado pelo presidente.

Além de já terem de lidar com o coronavírus, o risco para os médicos é uma enxurrada de pacientes com efeitos colaterais graves provocados pela medicação, em especial arritmias cardíacas que podem matar. Já fatigados, eles agora podem sofrer mais pressão.

Se por um lado os médicos têm a prerrogativa final de receitar ou não a cloroquina, eles terão sobre seus ombros o peso de encarar centenas de doentes sem UTIs; e agora contaminados pela campanha de um presidente que avança sem que lhe imponham grandes limites.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas