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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Árbitros de futebol e jornalistas têm o imenso poder de transformar ouro em caca

Não é hora de dar espaço para quem agride a realidade

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Corria muito bom o clássico entre Galo e Palmeiras, com clara vantagem para os mineiros, quando o assoprador de apito presente ao Mineirão fez questão de estragar tudo e expulsar Patrick de Paula, para eliminar qualquer chance do alviverde e até dar a Abel Ferreira a desculpa por nova má atuação de seu time de poucas ideias.

Porque a escola de arbitragens da CBF, no gramado e no VAR, é a do intervencionismo na maior potência possível e dane-se a qualidade do espetáculo.

O apito tem o condão de causar prejuízos impagáveis, assim como o teclado de jornalistas irresponsáveis, engraçadinhos, loucos para aparecer nem que seja para serem malditos, ou simplesmente descuidados.

Patrick de Paula, do Palmeiras, antes de ser expulso da partida contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte - Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Dos últimos, trataremos adiante. Dos primeiros, Antonio Prata tratou com o imenso talento que traz de berço em sua coluna dominical nesta brava Folha.

De fato, não é hora de dar espaço para quem agride a realidade quando há no Palácio do Planalto um bando de malucos dispostos a fazer do país barbárie ainda maior do que estamos vivendo.

Dar espaço a quem desfaz da ciência e colabora para o morticínio ou para a destruição do meio ambiente não tem a menor graça, simplesmente "pour épater la bourgeoisie", porque deixou de ser contraponto para ser apenas deletério, se não criminoso.

Episódio recente no New York Times resultou na demissão de uma das editoras de Opinião do jornal que publicou artigo de senador republicano com pedido de intervenção das Forças Armadas nos protestos contra o assassinato de George Floyd.

De menor gravidade, por atentar apenas contra um e não contra todos, no mesmo domingo (15), esta mesma paradoxal Folha publicou ampla reportagem sobre a relação entre a escritora Carolina de Jesus e o repórter Audálio Dantas que permite suspeitar da idoneidade do jornalista, não apenas jornalista, aliás, mas personagem imbatível da história recente do Brasil, herói da resistência à ditadura.

Em priscas eras, a Editora Abril publicava uma revista semanal sobre a programação da TV chamada Intervalo. Vendia feito água. Quando faltava assunto mais candente, dava na capa: "Roberto Carlos desmente que vá se divorciar".

Ninguém nem havia cogitado da hipótese, mas telefonavam para o rei da Jovem Guarda, perguntavam se era verdade que ele e a mulher estavam se separando, recebiam o desmentido, e pronto, estava feita a manchete. E era verdade, o casamento prosseguia.

Duvidar da idoneidade de Audálio Dantas com uma frase sobre seu enriquecimento com os direitos autorais de Carolina de Jesus, mesmo que para dizer em seguida não haver provas e nem ser provável que tenha acontecido, lembra o método Intervalo.

O jornalista Audálio Dantas em evento na Livraria Cultura, em São Paulo - Marcus Leoni-15.ago.2017/Folhapress

Devagar com o andor! Se ninguém está acima de críticas, é preciso tomar cuidado para evitar leviandades, é essencial ser respeitoso com a história de alguém como Audálio Dantas, ainda mais quando nem ela nem ele estão mais aí.

Quisesse fazer desta coluna mais lida e o título dela seria: "O juiz não foi pago pelo Galo".

Teria ligado para ele, perguntado se recebeu do alvinegro mineiro para prejudicar o Palmeiras, receberia uma resposta indignada pela suspeita desonrosa, a publicaria com as devidas aspas e faria barulho.
A intenção aqui é outra, não é a da repercussão, apenas a da reflexão.

Antonio Prata merece os parabéns. Audálio Dantas merece pedido de desculpas.

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