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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Os títulos das Brabas em 2023

O tetracampeonato continental nem foi a conquista mais importante das alvinegras

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As Brabas corintianas ganharam a Libertadores pela quarta vez, ano ímpar sim, ano par não, desde 2017.

A finalíssima teve de tudo o que se espera das decisões: pênalti desperdiçado no começo pela goleadora alvinegra Vic Albuquerque, o gol da taça 13 minutos depois, expulsão da zagueira campeã Tarciane na metade do segundo tempo para mudar o panorama e fazer da goleira Lelê a grande heroína, com pelo menos dois milagres para evitar o empate das persistentes palmeirenses, além de, nos derradeiros minutos, a defensora Alessandra ter evitado o 1 a 1 na linha fatal.

De quebra, teria havido um braço na bola dela dentro da área, que só não virou pênalti porque a atacante alviverde que faria o gol estava impedida.

Ou seja, em bom português e em resumo, a final foi de matar.

Millene celebra o gol do título da Copa Libertadores feminina - Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians

Ano sim, ano não, Corinthians campeão no jogo das mulheres, é fruto do trabalho silencioso da diretora Cris Gambaré, que deveria ser eleita presidenta do clube como candidata única.

O trabalho dela e o do treinador Arthur Elias, agora da CBF, mais a técnica refinada misturada com a garra das Brabas, renderam também, em 2023, o pentacampeonato brasileiro.

Convenhamos, é excepcional.

E nem é tudo. Nem a mais importante das conquistas delas.

Saiba a rara leitora, se é que não sabe, a conquista histórica das Brabas aconteceu quando se manifestaram de maneira firme, corajosa, cidadã, contra a infame contratação de Cuca para dirigir o time dos homens.

Passaram a ser ameaçadas por parte dos machões bolsonaristas da torcida, foram postas na geladeira por parte do elenco masculino, boicotadas com a diminuição da presença de público em seus jogos, tudo porque exigiram que o "respeito às minas" não virasse apenas palavra de ordem demagógica e cínica da tíbia direção do clube de Parque São Jorge.

Como verdadeiras Mosqueteiras, elas enfrentaram a reação reacionária e foram à luta, fizeram valer sua postura, tiveram papel fundamental na curta permanência do condenado que não cumpriu pena e se recusa a pedir desculpas pelo que fez na Suíça, e ganharam, ganharam tudo o que disputaram.

No caso da Libertadores, invictas, apenas um gol sofrido em seis jogos.

No do Campeonato Brasileiro, em 15 jogos, com 12 vitórias, um empate e apenas duas derrotas, uma delas, para o Internacional, no dia seguinte ao episódio do histórico manifesto, quando as Brabas estavam evidentemente traumatizadas com as hostilidades de que foram vítimas.

O solitário gol de Millene, em jogada de Gabi Portilho pela direita, o da taça, poderia ter sido insuficiente, tal a pressão alviverde depois de terem ficado com 11 contra dez, mas as deusas dos estádios estavam de plantão para fazer justiça às Brabas cidadãs.

Só elas, por sinal, deram alegrias à Fiel nesta temporada abaixo da crítica proporcionada pelos marmanjos, da sala de presidência aos gramados —e que culminará com a inaceitável eleição de um de dois candidatos para ocupar a direção do clube, escarrados representantes do submundo do futebol.

Brabas, em gesto corriqueiro, levantam novo troféu - Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians

Neste mundo em que há dificuldade de as pessoas chamarem pelo nome tanto o terrorismo do Hamas quanto o do governo de Israel, a coragem do grupo de mulheres do Corinthians extrapola a mera conquista esportiva.

Que Cássio, o maior goleiro da história alvinegra, desculpe-se com Lelê, a maior goleira, pelo abraço dado em Cuca.

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