Um doente sem sintomas poderá parecer estranho, mas ele surgiu nesta pandemia desencadeada pelo Sars-CoV-2, o vírus que causa a doença Covid-19.

Somente depois de 1 a 3 dias o portador deste novo coronavirus irá apresentar os sinais característicos da infecção. E nesses poucos dias possivelmente transmitiu a doença para muitas pessoas.

Editada pelo CDC (Centros para Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos), a revista Morbidity and Mortality Weekly Report publica pesquisa inédita do professor Vernon J. Lee e colaboradores sobre a presença de doentes sem sintomas, relacionados à Covid-19, em Singapura.

Desde a primeira pessoa diagnosticada em 23 de janeiro até 16 de março, 243 doentes tiveram a forma de contaminação pesquisada nesses 54 dias. Desses pacientes, 10 foram contaminados por pessoas que não apresentavam sintomas da doença (transmissão pré-sintomática) mas que estavam doentes, representando 6,4% dos 157 portadores contaminados localmente.

Os autores destacam que para controlar a pandemia é insuficiente limitar apenas contatos de doentes sintomáticos com as pessoas. Os assintomáticos podem transmitir a infeção e essa descoberta mostra a importância do distanciamento social como resposta da saúde pública à pandemia da Covid-19.

Outro importante motivo para manter o distanciamento social é explicado por Sima Asadi e colaboradores no Scientific Reports.

Eles mostram que a taxa de emissão de partículas (perdigotos ou salpicos inadvertidos de saliva) durante a fala humana normal está correlacionada com a amplitude da vocalização.

Em uma conversação são expelidas de 1 a 50 partículas por segundo, pequenas demais para serem visualizadas mas capazes de transportar agentes patológicos respiratórios transmissíveis.

Em tempos de pandemia essa é mais uma das razões para evitar grandes grupos, manter distância nos transportes, supermercados e açougues e de pelo menos 1,5 m entre as pessoas nas filas.