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Jornalista e roteirista de TV.

Basta apenas ser mulher para ser vítima de estupro

Mulheres são estupradas em qualquer situação, não importam a hora, o decote, a cor do batom

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Se alguém contasse que um médico aproveitaria o momento de uma cesariana para dopar e estuprar uma mulher em situação de extrema vulnerabilidade, você acreditaria? A equipe de enfermagem do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João do Meriti (RJ), talvez tenha entendido que não. A história não é só repulsiva; é difícil imaginar que alguém seja capaz de tal brutalidade.

A equipe de enfermagem, acertadamente, ciente dos horrores que acontecem em espaços de saúde, armou um flagrante e só então chamou a polícia. Estupros em hospitais não são raros. De 2015 a 2021, foram 177 casos de violência no estado do Rio, segundo dados do Instituto de Segurança Pública. Reportagem do jornal O Globo mostra que mais da metade aconteceu quando a vítima estava sob efeito de álcool, drogas ou sedativo. Pelo menos 37 eram menores de 13 anos.

O médico Giovanni Quintella Bezerra foi preso pela Delegacia da Mulher de São João de Meriti por estupro de paciente que passava por cesárea, na Baixada Fluminense - Fabiano Rocha / Agência O Globo

Como um homem consegue sentir algum tipo de prazer ao violentar uma mulher desacordada, que estava parindo, dentro de uma sala de cirurgia? Perdi o sono no meio da noite e não consegui mais dormir, fazendo e refazendo essa pergunta e muitas outras que me trouxeram a uma única. Por que o estupro ainda é algo tão corriqueiro?

Porque a maioria das vítimas é mulher e a sociedade não se importa. Para a maioria, a culpa do assédio e do estupro é sempre nossa. Basta assistir ao vídeo que circulou nesta terça-feira (12) em que um apresentador diz que mulher só é assediada porque dá "liberdade". Não é o único que pensa dessa forma.

Mulheres são estupradas em todas as situações, quando estão conscientes ou não, em hospitais! que têm "Mulher" no título. Não importa a hora do dia, o tamanho do decote, a cor do batom. O estupro é a única instituição que ainda funciona de forma democrática. As vítimas são solteiras, casadas, bonitas, feias, gordas, magras, pobres, ricas, evangélicas, ateias, católicas, umbandistas. Basta ser mulher. Ninguém liga.

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