Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
'Minha filha só chora, não quer comer e diz que não vai voltar à escola', afirma mãe de aluna de ataque em SP
Adolescente estava na sala de aula em que ocorreram os disparos, conseguiu fugir e ligou para a mãe abrir o portão de casa
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Eram por volta das 7h30 desta segunda-feira (23) quando D. O. recebeu um telefonema da filha de 16 anos "chorando desesperadamente" e pedindo que a mãe abrisse o portão de casa. A família mora a poucos metros da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, onde um estudante de 16 anos atirou contra alunos, matando uma adolescente de 17 anos e deixando outras duas baleadas.
A filha de D.O. estava na sala de aula em que ocorreram a maior parte dos disparos. "Ela só chora, não quer comer e diz que não vai voltar para a escola", diz a mãe à coluna. "Ela só fala que ele [o atirador] vai voltar para terminar o que começou", acrescenta.
Mãe também de um bebê de três meses que não poderia deixar sozinho em casa, D.O. diz que não sabia o que fazer quando recebeu o telefonema da filha mais velha. Foi até o muro da casa esperar a jovem. Nesse momento, viu as outras crianças e adolescentes deixando a escola correndo.
Quando a filha entrou, afirma ter ficado mais calma. Mas depois que viu o vídeo da câmera de segurança que registrou o ocorrido, ela conta ter se apavorado com o risco que a jovem correu. "Ele [o atirador] vem em direção à minha filha, com a arma apontada, e depois faz um gesto para ela sair. Mas ele vai a acompanhando quase até a porta, com ela de costas", diz.
"Acho que a minha ficha na verdade está caindo só agora", acrescenta.
A mãe diz que a filha e o estudante que efetuou os disparos estudavam na mesma turma e tinham uma convivência tranquila. "Ela conversava com ele, era uma relação normal."
O advogado Antônio Edio, que representa o adolescente que fez os disparos, afirma que ele tomou a atitude na tentativa de resolver o bullying e a homofobia que sofria. Ele foi detido pela Polícia Militar e levado para o 70º DP (Sapopemba).
Segundo D.O., o jovem chegou a dizer para outros alunos, há pelo menos duas semanas, que faria o ataque. "Mas [os estudantes] não acreditaram que ele falava sério."
Ela afirma que dará à filha o tempo que for preciso para retornar aos estudos. "Será no tempo dela e precisará de muito apoio psicológico." A mãe também diz não ver problemas de gestão na unidade escolar. "O que aconteceu foi uma fatalidade."
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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