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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Para sobreviver, Correios venderão até seguro funerário à baixa renda

Presidente da estatal diz que pretende rentabilizar receita com parcerias privadas, transformando agências em lojas

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Brasília

O presidente Lula cancelou a privatização dos Correios, mas deu ao advogado Fabiano Silva dos Santos a missão de transformar a estatal e reverter o prejuízo quase bilionário.

Desde que o centrão avançou no governo em busca de poder, o presidente da estatal vive sob fogo de partidos que miram seu cargo.

O presidente dos Correios, o advogado Fabiano Silva dos Santos - Arquivo pessoal

Lula tirou os Correios da lista de privatização, mas como transformá-lo em uma empresa rentável?
Temos uma missão constitucional de entregar cartas, um negócio que está em declínio no mundo. Na outra ponta, o serviço privado, as entregas, vinham em declínio na gestão passada, que preparava a empresa para a venda. Perdemos entregas para Mercado Livre, Shopee, Amazon. Eles eram grandes clientes e foram retirando carga nossa porque estavam criando logística própria ou buscando melhor preço.

Vão acelerar esse negócio para compensar o déficit do serviço postal?
Estamos fechando parcerias com esses marketplaces. Temos um ativo valioso porque estamos em todos os municípios, fazemos a última milha [das entregas]. Eles não. Também pensamos em transformar os Correios num marketplace.

O que venderiam?
Fechamos parceria com a Apex-Brasil e o Shopee para fazer um teste de exportação de dez produtos brasileiros que serão vendidos no marketplace deles de Singapura. Pensamos em fazer a mesma coisa na China. Lá, o resultado de vendas no Brasil pode ser tranquilamente multiplicado por vinte. O Sebrae Nacional também está fechando parceria conosco voltada para exportação.

Mas isso é exportação. O que venderiam nos Correios?
O La Poste, na França, vende seguros, tem operação de marketplace e uma série de outros produtos acoplados à atividade postal. Talvez isso rentabilize as agências [dos Correios]. Isso vai avançar bem, chegar com seguros para classes C, D, E a um preço competitivo. Vamos trabalhar com produto específico junto à CNP Assurance, que venceu a licitação. Ela é controlada pelo La Poste. Lá, essa venda já garante 20% da receita deles.

Que seguros venderão? De vida?
Até de morte. É caro morrer [custo do enterro e velório). Seguro para roubos de pequenos artigos, como o celular, por exemplo. Para um trabalhador, isso tem peso.

Haverá outros negócios?
O lema aqui é parcerias. Não só com iniciativa privada. Estamos fechando acordo com o INSS. Nossas agências funcionarão como postos de atendimento na garantia de acesso a pessoas que têm dificuldade. Gente que precisa atravessar um rio e não sabe como pedir uma aposentadoria, por exemplo.
Na Correios Celular, parceria operada pela Surf Telecom, tem uma previsão dentro do contrato para a gente incrementar essa receita.

Não parece ser um plano de quem deixará o cargo.
Não sou uma pessoa que estava na política. Não vim de um cargo público. A missão que o presidente deu foi muito clara. Ele disse: ‘você vai fortalecer os Correios e modernizar a empresa’. O nosso foco é esse. Para isso, não dá tempo de parar para ficar pensando nessas outras coisas.


RAIO-X | Fabiano Silva dos Santos, 46

Graduado em Direito pela PUC-SP, é mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorando em Direito pela PUC-SP. Professor universitário e advogado nas esferas administrativa, previdenciária, societária, empresarial, civil e regulatória. É professor universitário.

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