Siga a folha

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Descrição de chapéu Governo Lula

Para ganhar baixa renda, Lula precisa abraçar teologia da prosperidade, diz Renato Meirelles

Pesquisador afirma que presidente precisa apresentar perspectivas de futuro para retomar apoio, especialmente entre evangélicos

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

Renato Meirelles pesquisa a baixa renda há mais de duas décadas. Grandes empresas, nacionais e estrangeiras, recorreram a ele para traçar sua estratégia de crescimento no país. Políticos se elegeram e Lula fez desse grupo sua base de apoio com programas sociais. Mas, para o especialista, isso não é mais suficiente.

Renato Meirelles é presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva - Mathilde Missioneiro - 11.fev.20/Folhapress

Por que o governo sofre para melhorar sua avaliação?
O responsável pela baixa popularidade é Luiz Inácio Lula da Silva. O brasileiro quer ver a luz do fim do túnel, o que Lula não está oferecendo. Temos um crescimento sólido, apesar de não ser na velocidade desejada. Fernando Haddad já é mais relevante do que Paulo Guedes [ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro]. Lula precisa parar de criticar adversários e construir um laço direto com a população.

De que forma?
Com temas que falam de futuro: entrar na faculdade, geração de renda. O brasileiro quer oportunidades para ir até onde o seu mérito permitir. Não quer saber se o Estado é grande. Quer um Estado que funcione. Quando Lula elegeu os juros como inimigo se colocou a serviço da população e 70% o apoiaram.

Mas esse tema aglutina a direita, não?
Bolsonaro está rachando a direita e pegando os homens de baixa renda, ex-eleitores de Lula. A eles se somam os de uma renda maior que tiveram piora na perspectiva financeira. Esse grupo foi perdendo espaço. Na classe C, metade das mulheres já é chefe de família. Na D e E, onde Lula é mais forte, quase 60%. Essas mulheres não querem a polarização.

E entre os evangélicos?
Há uma relação entre a ida à igreja e a renda das pessoas. Bolsonaro penetrou na baixa renda pelas igrejas evangélicas. Em cada 10 idas a um templo, 6 são feitas por evangélicos, que hoje representam mais de 30% da população. Ou seja: a chance de um pastor influenciar voto é muito maior.

Esse grupo está fechado com Bolsonaro?
Toda vez que o debate é a economia, os evangélicos mudam de lado. Lula já teve essa parcela do eleitorado, mas quando dialogava com a teologia da prosperidade. Acolhidas pelas igrejas, essas pessoas foram fidelizadas pela narrativa de costumes. Enquanto Lula não voltar a falar sobre melhora de vida, não vai ganhá-los, nem restabelecerá sua popularidade com a baixa renda.

Uma eventual crise piorará para Lula caso aspire à reeleição?
A economia não tem o poder que tinha para ganhar a eleição, mas pode levar um candidato à derrota.


Raio-X | Renato Meirelles

Presidente do Instituto Locomotiva e titular da cadeira de Ciências do Consumo e Opinião Pública do Ibmec. Foi fundador do Data Favela e, em 2012, integrou a comissão da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) que estudou a nova classe média brasileira.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas