Siga a folha

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Melhor time do Brasil, Flamengo está em risco

Enquanto equipe de Domènec se ajeita com seu jogo de posição, o Atlético-MG cresce

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Domènec Torrent tem o pior índice de gols sofridos entre todos os treinadores do Flamengo desde Oswaldo de Oliveira, em 2015. São 18 gols sofridos e quatro derrotas em 11 partidas. Não é justo atribuir o início ruim ao “jogo de posição”. A grosso modo, neste estilo, a bola vai até o jogador. No ataque funcional de Jorge Jesus, o craque ia até a jogada.

Se não houver compreensão, arrisca virar um time estático. Com Jesus, prevalecia a velha lei de Gentil Cardoso: “Quem desloca recebe e quem pede tem preferência”.

Mas o Independiente del Valle aplica o mesmo tipo de jogo posicional, brilha e faz 5 a 0 no melhor time do Brasil. Não pode ser só isso.

Jogadores do Flamengo durante a goleada sofrida na Libertadores - Jose Jacome - 17.set.20/Reuters

Por outro lado, o Ninho do Urubu grita que os jogadores cobram de Domènec o nível de detalhamento tático que Jesus oferecia. O português cansou de afirmar que ele não era bom apenas aqui. “Sou bom no Brasil, em Portugal, na China ou na Inglaterra.”

Modéstia à parte...

Domènec pode ganhar a Libertadores. A última derrota por 5 a 0 do Flamengo tinha acontecido em 2009, contra o Coritiba, numa campanha concluída com o troféu do Brasileiro. Perder é normal. De 5 a 0, não é. Mas saber sair da derrota é o que diferencia os campeões.

Enquanto o Flamengo se ajeita com seu jogo de posição, o Atlético-MG cresce. Meio aos trancos e barrancos, mas com o binóculo em fevereiro, quando surgirá o campeão brasileiro.

Daqui até o Carnaval, Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos, Inter e Grêmio poderão disputar 46 partidas, e o Atlético terá só 28. É um dos pontos positivos do Brasileiro. A outra é ser treinado por Sampaoli.

No livro “A Evolução”, o segundo de Guardiola, diz-se que os alemães não conheciam o conceito de “jogo de posição”, quando Pep chegou ao Bayern, em 2013.

Na Alemanha, como aqui, sempre prevaleceu o ataque funcional, como o de Jorge Jesus. O Flamengo se mexia mais, partia mais em direção à bola. O pecado de Domènec, até agora, parece ter sido o de ter mudado funções de seis jogadores. Gabriel era ponta-de-lança e agora joga mais fixo como centroavante —à parte um deslocamento à esquerda contra o Del Valle, inversão com Arrascaeta.

Gerson agora é quase meia esquerda, não mais um segundo volante. Perdeu o efeito surpresa, a infiltração. Everton Ribeiro desloca-se da direita para o meio, dentro de seu quadrante. Mais parecido do que fazia com Jorge Jesus, assim como Arrascaeta, mas a grande diferença é formar um 4-4-2 ou 4-3-3 e quase não se ver duplas de ataque que se movimentam em X, como faziam Gabigol e Bruno Henrique.

Com Dome, time posicional - Folhapress
Com Jesus, ataque funcional - Folhapress

Gabriel é quem mais sofre. Não é centroavante, precisa do movimento mais amplo, que Jesus lhe dava. Talvez não contar com esse entendimento na Europa tenha ajudado o seu fracasso por lá.

Tudo isso pode se acertar com treinos e confiança. O tempo pode afinar o entendimento entre comissão técnica e elenco. Hoje, os jogadores gostariam de testar na prática, e em detalhes, o discurso do treinador catalão.

O melhor time do país está jogando pior do que o Atlético-MG e corre risco contra o Barcelona de Guayaquil.

Invicto

O Palmeiras de Luxemburgo lembra o Flamengo de 2011, dirigido pelo mesmo treinador. Último invicto, era vice-líder quando caiu na 17ª rodada por 4 a 1 contra o Atlético-GO. Terminou honrosamente em quarto lugar. Invicto há 16 jogos, o Palmeiras acumula oito empates.

Replay

O São Paulo foi inferior ao River Plate, muito mais bem treinado, também por ter o mesmo trabalho há seis anos. Gallardo é um técnico fora do normal. Diniz, ainda não. Contra a LDU, em março, o São Paulo fez o seu melhor jogo do ano. Tem de repetir em Quito.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas