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Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Elon Musk entrou em uma fria

Novela revela limites e consequências das traquinagens de um bilionário-moleque

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Quando o bilionário dono da Tesla anunciou que iria comprar o Twitter, muitos analistas no Brasil ficaram preocupados. Eu não. Cheguei até a dizer ao podcast Café da Manhã, da Folha, que estava moderadamente otimista.

Afinal, o Twitter é uma rede infestada por robôs, contas falsas e sockpuppets [perfis criados com identidade falsa]. Musk disse com todas as letras que iria acabar com os robôs maliciosos, bem como autenticar a identidade de cada um dos usuários da rede. Se fizesse isso, seria um experimento louvável de diminuir disparidades e reduzir enganações no campo da liberdade de expressão. Uma ideia simples e poderosa: uma pessoa, uma voz. Algo que seria interessante de acompanhar.

Corte para o dia 13 de maio de 2022. Musk anuncia que a compra do Twitter está "suspensa". A desculpa utilizada por ele é que o Twitter não teria conseguido provar que as contas falsas seriam "menos de 5% da plataforma", aparentemente uma condição para o negócio seguir em frente.

Elon Musk durante o Met Gala 2022, em Nova York, nos Estados Unidos - Andrew Kelly - 2.mai.2022/Reuters

Para além da desculpa, a realidade é bem diferente. O fato é que o mundo mudou totalmente desde que Musk anunciou sua proposta, revelando um erro de análise brutal. Desde o início de abril, o Federal Reserve (análogo dos EUA ao Banco Central) subiu a taxa de juros naquele país. Na sequência, o mercado de ações —e, sobretudo, as empresas de tecnologia— desabou. A própria Tesla, que no início de abril tinha o valor das suas ações na casa dos US$ 1.000, estava sendo negociada perto dos US$ 700 no fim da semana passada.

A Tesla também havia comprado US$ 1,5 bilhão em bitcoins em 2021 e ainda carrega a criptomoeda em tesouraria. O bitcoin é outra vítima de depreciação, tendo recuado até 25% de valor em poucos dias.

Em outras palavras, Musk, neste momento, não deve estar dormindo bem. Prometeu comprar o Twitter por US$ 52,40 por ação (totalizando US$ 44 bilhões). Preço hoje considerado absurdo, já que nesta sexta (13) o valor da ação estava em cerca de US$ 40. Em outras palavras, a oferta de Musk é US$ 11 bilhões acima do valor de mercado da empresa.

Não por acaso, seus companheiros de negócio estão pulando fora ou relutando em seguir em frente. Se Musk recuar, é possível que haja um dilúvio de ações judiciais contra ele, inclusive por manipulação do mercado acionário. O bilionário também já havia falhado em cumprir a lei quando deixou de anunciar no tempo certo que estava interessado em adquirir a empresa.

Nesse contexto, o Twitter, como empresa, está progressivamente mergulhando em caos. Vários dos executivos que o conduzem foram demitidos ou se demitiram. O próprio Musk tem dado declarações erráticas sobre o que quer fazer com a empresa. Nas entrelinhas, já deu para perceber que ele acreditava que a gestão seria muito mais fácil do que é na realidade.

Neste momento, tudo indica que o bilionário entrou em uma fria. Pode ser que o negócio siga em frente, mesmo sendo um desastre econômico para Musk. Em todo caso, essa novela revela aos poucos os limites e as consequências que traquinagens de um bilionário-moleque podem provocar.


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