Siga a folha

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

La Liga e Los Blancos não merecem ter Vinicius Junior

Novo ataque racista contra o brasileiro é o oitavo apenas nesta temporada na Espanha

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

La Liga é racista. Nenhum time espanhol merece ter Vinicius Jr. no elenco, nem o Real Madrid, conhecido como Los Blancos pela cor predominante de seu uniforme —como o Santos, do negro e rei Pelé.

Comecei o fim de semana querendo falar do monótono Manchester Emirados City na Premier League, ou do Bayern deixando escapar o Alemão; ou da grande final que não acontecerá na NBA entre Lakers e Celtics (surrados por Nuggets e Heat). Mas não há nenhum tema mais urgente do que mais um caso de racismo contra Vini Jr. em La Liga, desta vez no estádio Mestalla, contra o Valencia.

Vinicius Junior aponta para torcedores racistas no jogo Valencia 1 x 0 Real Madrid, em Valência - José Jordan - 21.mai.23/AFP

As imagens estão disponíveis para quem quiser ver e, desta vez, passou dos gritos de "macaco" nas arquibancadas.

Vinicius Junior após ser alvo de ataques racistas em Valência - José Jordan - 21.mai.23/AFP

Ao ser insultado e depois discutir em campo com o goleiro (branco) do Valencia, Vini Jr. foi agarrado por trás por Hugo Duro (branco e espanhol), que lhe aplicou um mata leão. Uma cena chocante.

Ao se desvencilhar, Vini acerta o rosto do adversário espanhol. O VAR-racista entra em ação. Vini foi expulso. Hugo Duro não levou nem amarelo. É a cena mais absurda do futebol europeu no ano.

Vinicius Junior durante os ataques racistas - Pablo Morano - 21.mai.23/Reuters

Carlo Ancelotti, que no ano passado dizia que não via racismo na Espanha, rendeu-se ao óbvio e afirmou no pós-jogo que a partida deveria ter sido paralisada. O Real Madrid, finalmente, manifestou-se de forma um pouco mais contundente, mas ainda é muito pouco.

O novo caso foi o oitavo apenas nesta temporada de La Liga contra Vini —décimo se voltarmos a outubro de 2021. Se imaginarmos que Los Blancos jogaram 18 vezes como visitantes (falta o Sevilla), dá quase para dizer que Vini é vítima de racismo uma vez a cada dois jogos fora de casa.

Como nenhuma punição aconteceu nos casos anteriores, nada indica que algo diferente vai ocorrer agora. Vai cair na vala comum do "caso isolado". Aliás, o árbitro nem colocou o insulto "macaco" na súmula (incluiu depois, como um adendo, quando o caso ganhou repercussão mundial).

O racismo não é novidade no futebol, mas os racistas ganharam um rival. Vini Jr. comprou a briga e desafia a poderosa liga ao ameaçar até deixar o Real. Torço para que ele continue firme. O brasileiro tem desta vez o apoio do Estado. Até Lula interrompeu conversas sobre economia ou política para defender Vini em plena reunião do G7.

Vinicius Junior durante os ataques racistas no jogo - José Jordan - 21.mai.23/AFP

O racismo de hoje é mais nocivo ao futebol que o hooliganismo dos anos 1980. Em 1985, a final da Champions entre Juventus (campeão) e Liverpool terminou em tragédia, quando hooligans entraram no meio da torcida italiana provocando pânico, correria e invasão de campo. A Tragédia de Heysel (nome do estádio, na Bélgica) resultou em 39 mortes e mais de 600 feridos.

Depois do fato, a poderosa Uefa baniu os clubes ingleses por cinco anos das competições europeias.
Hoje, quase refém dos clubes-países (PSG, Manchester City e agora Newcastle) ao fazer vista grossa para o inexistente fair play financeiro, a Uefa precisa mostrar alguma força no combate ao racismo.

Este escriba vota na mesma punição que abafou o hooliganismo: cinco anos de banimento para todos os espanhóis, incluindo o Real.

Luxa, o filósofo pampers
Em mais uma pitoresca entrevista, agora após a derrota para o Flamengo, Luxemburgo, o Vanderlei, fez uma analogia para explicar o que era atitude. "Se na tua casa tiver dois banheiros e você ficar na dúvida de qual você vai, você vai fazer nas calças. Tem que tomar atitude de você ir no banheiro, se fizer nas calças, você nunca mais vai errar, mas você tem que tomar atitude."

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas