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Escritora Tati Bernardi transforma em coluna as perguntas enviadas por leitores da Folha

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Queria superpoderes como acabar com guerras e viajar via WeTransfer

Rodolfo pergunta qual capacidade extraordinária eu gostaria de ter: o superpoder de ter vários poderes

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Rodolfo me escreve perguntando qual superpoder eu gostaria de ter. Posso escolher, primeiramente, o superpoder de ter vários superpoderes?

Eu adoraria me enviar por WeTransfer (e chegar inteira e em boa resolução) para qualquer país, curtir por lá umas três horinhas, e então ser digitalmente expedida de volta, em poucos segundos, a qualquer sinal de "já deu isso aqui pra mim, quero minha casa". Imagina desfrutar de uma tarde pelas ruas de Tóquio sem precisar vivenciar 200 intragáveis horas dentro de uma classe econômica? Eu viajaria todos os dias e Zeca Camargo e Ricardo Freire dariam entrevistas dizendo: "Um dia eu ainda alcanço o número de milhas quânticas daquela moça."

"Linda mulher" (Tóquio, 2017), do fotógrafo japonês Daido Moriyama - Daido Moriyama Photo Foundation

Também não acharia nada mal se meu olhar indignado pudesse elevar a temperatura de todos os ares-condicionados de cinemas, teatros e museus. Vamos deixar tudo na agradabilíssima temperatura de 23ºC, minha gente? Semana passada estive no Masp com a minha filha e apenas não conseguimos ficar mais do que 20 minutos dentro da exposição do Francis Bacon. Lá dentro fazia dez graus negativos e não estávamos paramentadas com roupas térmicas para enfrentar a neve.

Durante toda a infância e adolescência eu desejei, com a força do pensamento, implodir uma parede da sala e ficar de frente para uma plateia lotada (só depois, na faculdade, fui ler sobre "a quebra da quarta parede" no cinema e na TV). Nas brigas com a minha mãe, eu sonhava em ser defendida por um público fiel que deliberaria escolhendo quem estava certo e quem estava errado. O mesmo eu sigo aspirando durante tretas amorosas. Imagina se no meio do embate verbal com seu consorte você pudesse abrir as cortinas para um auditório só com mulheres feministas?

Por último, acharia bem interessante formatar minha realidade como se eu estivesse em uma ilha de edição. Fico exausta se vou jantar com uma amiga e as mesas do restaurante estão muito coladas. Ostento algum tipo de antena doida em cima da minha cabeça e começo a captar e guardar as histórias, os movimentos, as frases e as intenções de todas as pessoas a minha volta. Crio enredos para cada um, me irrito profundamente com tipos específicos de vozes, já sei o que vai acontecer no futuro com alguns deles e dificilmente dou à amiga a atenção que ela merece.

Ah, tem mais uma. Depois de acabar com as guerras, a fome, o câncer, qualquer sofrimento infantil e a violência contra mulheres, negros e pessoas trans... Eu exterminaria a existência do perfume Angel da face da Terra. Chega!


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Tem algum questionamento inusitado, uma reflexão incomum ou um caso insólito para contar? Participe da coluna O Pior da Semana enviando sua mensagem para tati.bernardi@grupofolha.com.br

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