Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.
As táticas e os números não explicam tudo no futebol
Os entendidos acham que sabem todas as razões para vitórias e derrotas
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Eu, que gosto dos detalhes táticos e que sou metido a compreender a importância da estratégia de jogo, estou preocupado, incomodado, com a "taticismo" do futebol brasileiro.
Os entendidos acham que sabem todas as razões táticas que explicam as vitórias e as derrotas. Tudo calculado, com números. Os acertos e os erros na execução técnica e os imprevistos costumam ser desprezados.
Paradoxalmente, essa sapiência ocorre no Brasil no momento em que estamos atrasados na maneira de jogar, sem acompanhar a evolução do futebol mundial, especialmente nos últimos 20 anos. Mesmo assim, muitos técnicos, até os ultrapassados, continuam com o apoio dos amigos.
Evidentemente, as condutas dos treinadores podem ser importantes, como a de Sampaoli, durante o jogo contra o Flamengo, quando, sem esperar o intervalo, com o time vencendo por 1 a 0, trocou o zagueiro Gabriel por um jogador de meio-campo, Jair, e o time melhorou.
Flamengo e Atlético-MG não fizeram um jogo brilhante, porém muito melhor, coletivamente, que os dois clássicos da final do Campeonato Paulista. O Palmeiras, com elenco superior, se igualou ao razoável time do Corinthians.
Houve também coisas boas nos dois jogos entre os rivais paulistas, como o volante Patrick de Paula, uma certeza para o Palmeiras e para o futebol que se joga no país e uma esperança de se tornar, brevemente, um jogador até de seleção e de prestígio mundial. Luxemburgo foi muito bem ao incentivar e escalar os dois jovens, Patrick de Paula e Gabriel Menino.
Patrick tem força física, se posiciona bem e possui um bom e rápido passe, para frente, mas não se pode exigir que ele avance como um meia, o que poderá fazer em alguns momentos, no instante certo, pois também finaliza com eficiência.
Não se pode exigir que os volantes façam tudo: marquem, construam, tenham um bom passe e cheguem ao ataque. Eles não são meio-campistas, são volantes.
No início do futebol, os times jogavam no 2-3-5, com dois zagueiros, três médios e cinco atacantes. Foi assim que terminou o Flamengo contra o Atlético-MG. Bagunçou o ataque, ainda mais com a saída de Gerson, o melhor do time.
Dos três médios do passado, o do meio, chamado centromédio, era o mais lúcido, o com melhor passe e o mais criativo. Dominava e ditava o jogo. Com o tempo, eles foram substituídos, no Brasil, pelos volantes brucutus, que apenas marcam, quase terceiros zagueiros.
Isso tem mudado lentamente. Casemiro é hoje um dos melhores volantes do mundo. Marca, se posiciona muito bem e tem ótimo passe. Deve ser a referência para Patrick.
Fabinho, reserva de Casemiro na seleção, é também um bom jogador. Há alguns volantes bons nos times brasileiros, além de Patrick, como Allan, do Atlético-MG, Arão e Tchê Tchê, todos com bom passe.
É importantíssimo que os volantes tenham bom passe, para fazer a saída de bola da defesa, mas é essencial também que marquem, desarmem e se posicionem bem defensivamente. A marcação é fundamental no futebol.
Coronavírus
O coronavírus furou o protocolo da CBF e dos clubes. Vários jogadores do Goiás e de clubes das Séries B e C testaram positivo, e partidas foram adiadas.
A do Goiás, contra o São Paulo, minutos antes de a bola rolar. Certamente, haverá outros casos. O vírus é traiçoeiro, agressivo e não segue o protocolo, facilitado pela incompetência de dirigentes e governantes e da falta de liderança do governo federal.
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