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Lateral no Brasil, Fabinho vira volante de R$ 190 mi no Liverpool

Líder do Campeonato Inglês enfrenta o Porto, nesta terça (9), pela Champions

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São Paulo

Por pensar como Luigi Radice, o português Leonardo Jardim transformou a carreira do brasileiro Fabinho, 25.

Radice, treinador do Torino (ITA) entre 1984 e 1989, dizia ser um desperdício ter jogadores brasileiros nas laterais. Acreditava que eles tinham tanta técnica que o melhor era deslocá-los para o meio-campo. Foi o que aconteceu com Júnior, ala esquerdo da seleção brasileira nas Copas de 1982 e 1986, jogador do Torino na época.

Fabinho em ação pelo Liverpool em jogo contra o Burnley, pelo Campeonato Inglês
Fabinho em ação pelo Liverpool em jogo contra o Burnley, pelo Campeonato Inglês - Paul Ellis/AFP

Foi o que aconteceu com Fabinho, dirigido por Jardim no Monaco entre 2015 e 2018. De lateral direito virou volante e foi comprado pelo Liverpool (ING) por cerca de R$ 190 milhões no ano passado.

“Quando ele [Jardim] me mudava de posição, eu jogava bem. Gostava tanto que me efetivou no meio de campo e eu concordei. Meus movimentos como volante hoje são naturais, me acostumei”, afirma o jogador, em entrevista à Folha.

Acostumar-se deixou de ser algo novo para Fabinho. Pela facilidade em jogar como volante, despertou o interesse do alemão Jurgen Klopp em levá-lo para Liverpool, cidade obcecada por futebol. Bem diferente do Principado de Mônaco, onde chegou às semifinais da Champions League de 2017 e podia andar pelas ruas sem ser incomodado.

Pelo Liverpool, que começa a decidir uma vaga nas semifinais do torneio continental nesta terça (9), contra o Porto, às 16h e com transmissão na TNT e no Facebook do Esporte Interativo, é bem diferente.

“Fui muito feliz em Mônaco, mas Liverpool é diferente.  O clube em si, a torcida, a ambição. É tudo muito diferente. O estádio do Monaco não estava cheio com frequência. Anfield está sempre lotado, cantando, gritando. Há momentos em que a torcida de Anfield pode intimidar o adversário”, analisa.

Foi em Liverpool que ele teve de se acostumar a esperar. Um dos primeiros nomes na escalação de sua equipe na França, não aconteceu o mesmo na Inglaterra. Porque ele foi contratado para jogar no meio-campo, onde Klopp já tinha outras cinco opções.

Sua estreia no Campeonato Inglês aconteceu contra o Chelsea, no final de setembro. Ele precisou se acostumar a ter paciência não apenas para jogar, mas para entender a velocidade da liga.

“Eu era a última opção e fiquei fora dos relacionados em várias partidas. Mesmo fora me preocupei em observar e perceber qual poderia ser o meu papel na equipe. Mas parte da adaptação era jogar. E tive de esperar a minha chance”, completa.

Com Fabinho no elenco, o Liverpool fez o torcedor se acostumar a sonhar. Embora a Champions League seja o torneio mais importante e que rende mais dinheiro, o time inglês foi campeão pela última vez em 2005.

O desejo maior é vencer o Campeonato Inglês e acabar com um jejum que já dura 29 anos. O time não levanta o troféu nacional desde 1990 e vive disputa acirrada com o Manchester City nesta temporada.

Se for campeão inglês, Fabinho terá se habituar com o fato de que terá colocado seu nome na história de um dos maiores times europeus em menos de um ano.

“O torcedor está otimista e sempre fala nisso. Há uma expectativa enorme e a torcida quer muito isso. Quando vemos os torcedores nas ruas, é só o que eles falam”, confessa.

Mesmo antes de um jogo de mata-mata da Champions League, o Liverpool tem na cabeça o título inglês. Chegou a ser sugerido em programas de rádio, durante as oitavas de final contra o Bayern de Munique (ALE), se não seria melhor cair no torneio continental para focar na Premier League. Klopp descartou o pensamento como uma enorme bobagem.

“Ele é com certeza diferente de todos os técnicos que já trabalhei. É muito intenso. É um cara que demonstra muita emoção. Aqui dizem que ele tem o estilo rock n’roll.”

Na música, não é o estilo de Fabinho, mais fã de hip hop e gospel. Mesmo morando na cidade dos Beatles, a mais famosa banda de rock da história, ele não se deixou influenciar. Da mesma forma que não conseguiu assimilar direito o difícil sotaque do morador de Liverpool.

O que Fabinho espera que as pessoas se acostumem é vê-lo com a camisa da seleção brasileira. E neste caso, pouco importa a posição. Tanto que na primeira conversa que teve com Tite, o treinador perguntou se ele se incomodava em atuar na lateral.

“Disse que não tinha problema nenhum. Jogaria sem qualquer problema. Eu não esqueci como se joga na lateral. Estar presente neste pós-Copa do Mundo é muito importante para mim. Quero estar na Copa América deste ano. Vai ser no Brasil. Será um negócio diferente. Eu criei a expectativa de ter a oportunidade antes do Mundial [na Rússia]. Estava no melhor momento da carreira. Mas não foi surpresa não ter sido chamado. Tite mostrou critério”, confessa.

Mas Fabinho quer que todos se acostumem em vê-lo na lista.

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