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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Apesar da redução da TEC, setor de soja e milho terá dificuldade para importar

Demanda está elevada, e estoques externos são pequenos

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A eliminação da TEC (Tarifa Externa Comum) para as importações de soja e de milho para países fora do bloco do Mercosul traz pouco alívio aos usuários internos desses produtos nos próximos meses.

As safras dos Estados Unidos e da Ucrânia, países que poderiam fornecer produtos ao Brasil, só chegam ao mercado a partir de setembro. Até lá, as chances de importações fora do bloco são pequenas, uma vez que os Estados Unidos, principal fornecedor mundial de grãos, terminam o ano fiscal com estoques bem inferiores aos normais. Já a Ucrânia teve quebra de 18% na safra 2020/21 de milho.

As importações oriundas dos vizinhos do Brasil devem aumentar, mas já não se pagavam os 8% da TEC.

Até que chegue a safra desses dois países ao mercado, os brasileiros vão continuar pagando preço elevado por esses produtos.

A soja, apesar da safra recorde já confirmada, está com exportações aquecidas e esmagamento interno maior. No caso do milho, não há falta do cereal, mas uma especulação interna, devido a uma provável quebra na safrinha.

Os produtores, com a estimativa dessa redução de produção, retardam as vendas à espera de melhores preços.

Os valores atuais do milho no Brasil descolaram dos do mercado internacional. A saca a R$ 100 no mercado disponível, como está sendo negociada em algumas regiões, corresponde a US$ 7,65 por bushel. Na Bolsa de Chicago, o contrato de maio do milho foi cotado a US$ 6,06 nesta terça-feira (20).

Considerados os preços de R$ 80 de Cascavel (PR) para o produto a ser entregue no segundo semestre, quando a safrinha brasileira já estará no mercado, o cereal brasileiro custaria US$ 6,12 por bushel, ainda assim acima do contrato de julho de Chicago, que é de US$ 5,92. O bushel de milho corresponde a 25,4 quilos.

O cenário atual do milho é bem diferente do de duas décadas atrás, quando Mato Grosso aumentou o plantio do cereal após a soja. Naquele período, sem as exportações, a indústria pagava pouco acima do custo de produção para o cereal.

A partir de agora, os consumidores de milho e de soja não terão mais preços baixos, a não ser que isso ocorra também no mercado internacional.

A soja, que antes era esmagada apenas para a produção de óleo de cozinha, ganhou incentivos fiscais para a exportação do grão, passou a ser utilizada na produção de biodiesel e se tornou importante componente da ração.

O mesmo ocorreu com o milho. As exportações aumentaram, o uso para ração cresceu com a indústria de proteína e o etanol de milho entrou no roteiro da indústria brasileira.

Os dois produtos ganharam novos usos nas últimas décadas.

Além do aumento do consumo interno, esses grãos também têm uma demanda aquecida no exterior. Há três anos, o consumo mundial de milho era de 1 bilhão de toneladas. Neste, subiu para 1,2 bilhão. O de soja saiu de 338 milhões de toneladas para 371 milhões no período, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).

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