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Coluna assinada por Walter Porto, editor de Livros.

Ida de Lula à Bienal do Livro cria transtorno com brusca interrupção dos trabalhos

Editoras celebram presidente na abertura do evento, mas organização atrasa com suspensão improvisada da montagem

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O presidente Lula circulou entre os estandes da Bienal do Livro de São Paulo, na noite desta quinta (5), por pouco mais de 15 minutos.

Com uma trupe de três ministros, se deteve atento na homenagem a Ziraldo, ganhou livros de Gabriel García Márquez de autoridades colombianas e visitou a exposição de Machado de Assis montada pela Fundação Itaú.

O presidente Lula discursa na abertura da Bienal do Livro de São Paulo, nesta quinta (5) - Folhapress

A primeira-dama, Janja, tirou foto com uma réplica gigante da capa de "Cem Anos de Solidão". García Márquez é um dos autores de cabeceira do casal —Lula ganhou um exemplar de "Amor nos Tempos do Cólera" da então namorada enquanto estava preso em Curitiba.

O presidente cortou uma fita para inaugurar o evento e seguiu para a cerimônia no auditório, marcada para as 19h30. Ele começou a discursar, visivelmente cansado, em torno de 22h, e pediu desculpas pela demora.

A indignação maior não estava ali, mas do lado de fora do prédio. A montagem dos estandes da Bienal, que abriria ao público às 9h da manhã desta sexta-feira, não estava pronta quando os trabalhos tiveram que ser interrompidos para preparar o esquema de segurança do presidente. Pior: a véspera é um dia crucial para desempacotar livros e testar o sistema de vendas.

Enquanto Lula começava a falar na noite da quinta —saudado por editores que se lembram bem de como o presidente anterior, Jair Bolsonaro, ignorava eventos literários—, centenas de profissionais aguardavam já por horas no frio sem poder voltar ao trabalho.

A Câmara Brasileira do Livro avisou só na terça à noite aos expositores —principalmente editoras, entre outras iniciativas literárias— que toda a equipe precisaria desocupar o pavilhão na quinta-feira das 15h até as 20h. A volta ao trabalho aconteceu só depois das 21h30, com todos correndo para mitigar o atraso.

Muita gente precisou entrar na madrugada para terminar a montagem, o que, à parte o cansaço, provoca gastos de adicional noturno com os profissionais contratados por diárias para trabalhar na estrutura e na estocagem dos estandes —a Bienal é o mais massivo evento de venda de livros do ano, com expectativa de receber mais de 600 mil leitores ao longo de dez dias.

A CBL já previa que a operação se esticaria noite adentro no comunicado que enviou aos expositores, sem oferecer compensação financeira. Dizia apenas que, para minimizar os impactos, permitiria que a montagem pudesse "ser realizada durante toda a madrugada", deixando à disposição uma equipe que incluía posto médico, segurança, limpeza e fiscais noturnos.

"Sabemos que isso causou alguns transtornos, mas foi uma medida necessária pela segurança e organização do cerimonial da Presidência da República", diz nota enviada pela CBL à coluna. "Não foi o ideal, mas fizemos o possível para reduzir o impacto e garantir que tudo estivesse pronto para a abertura."

Quem circulou ao lado de Lula pela Bienal só viu de longe os estandes inacabados. E os leitores, provavelmente, comprarão livros sem saber nada de quem precisou varar a noite levando caixa no lombo.

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