Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Ministras se mobilizam por Anielle, e reação de Silvio gera incômodo entre mulheres do governo

Integrantes da gestão petista esperam manifestação da titular da Igualdade Racial para se posicionarem de forma mais contundente sobre o caso

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Brasília

Ministras, secretárias e outras mulheres integrantes do governo Lula aguardam uma manifestação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para se posicionarem de forma mais contundente em relação às denúncias de assédio sexual envolvendo o agora ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida.

Nos bastidores, no entanto, chefes de pastas se mobilizam desde que o escândalo veio à tona, no fim da tarde de quinta-feira (5), e dizem que estão prontas para apoiar a colega de Esplanada dos Ministérios.

Anielle Franco durante cerimônia de posse como ministra da Igualdade Racial, no Palácio do Planalto, em Brasília
Anielle Franco durante cerimônia de posse como ministra da Igualdade Racial, no Palácio do Planalto, em Brasília - Gabriela Biló - 11.jan.23/Folhapress

A avaliação entre auxiliares é a de que não é possível fazer declarações explícitas ou apresentar reivindicações sem antes saber qual será a decisão de Anielle para tratar do tema publicamente. O apoio, porém, já é dado como certo.

A coluna apurou que ao menos quatro ministras trocaram telefonemas entre si logo após o caso ser revelado pelo portal Metrópoles. Anielle também recebeu declarações diretas de apoio.

Silvio foi demitido pelo presidente Lula no início da noite desta sexta-feira (6). Como mostrou a coluna, o presidente afirmou que as denúncias que pesam contra ele, embora difíceis de provar, teriam tornado sua situação insustentável.

Há relatos de clima de consternação e de "tristeza generalizada" entre mulheres que integram postos de liderança do governo, tanto pelo fato de que Anielle tinha escolhido não levar o caso a público e não foi respeitada em sua vontade quanto pelo desgaste sofrido pela gestão petista e pelo movimento negro com as acusações contra Silvio.

O ministro negou veementemente as denúncias e, em nota veiculada pelos canais oficiais de seu ministério, disse se tratar de "ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro".

Na sequência, a pasta publicou uma segunda nota em que acusou a organização Me Too Brasil, que recebeu denúncias de supostas vítimas, de tentar interferir em uma licitação.

A reação do ministro gerou forte incômodo. As publicações foram lidas por gestoras como uma tentativa de perseguição a uma organização integrada por pessoas que têm trajetórias reconhecidas em defesa das mulheres, a exemplo de sua presidente, a advogada Marina Ganzarolli.

O uso dos canais oficiais do ministério também não foi bem recebido, uma vez que Silvio teria lançado mão da estrutura do governo para se defender em uma questão de foro pessoal.

O primeiro sinal público de apoio a Anielle partiu da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, que na noite de quinta-feira compartilhou uma foto em que aparece dando um beijo na testa da titular da Igualdade Racial. A imagem não foi acompanhada por nenhum texto ou legenda.

Na manhã desta sexta-feira (6), o Ministério das Mulheres, liderado por Cida Gonçalves, emitiu uma nota em que pediu que sejam apuradas as denúncias atribuídas a Silvio e manifestou solidariedade "a todas as mulheres que diariamente quebram silêncios e denunciam situações de assédio e violência".

Articulado com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, o texto foi pensado como uma resposta institucional à crise e como uma forma de colocar os canais oficiais da pasta à disposição, independentemente de Anielle ser considerada vítima de assédio ou não.

Posteriormente, a ministra das Mulheres usou sua conta pessoal no Instagram para publicar uma foto com a colega e desejar solidariedade e apoio "neste difícil momento", em uma legenda sucinta.

A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, também optou por uma publicação breve. "Seguimos juntas. Um abraço gigante e forte como você, Anielle Franco", escreveu nos Stories do Instagram.

A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, por sua vez, replicou a íntegra da nota oficial emitida pelo Ministério das Mulheres em um de seus perfis nas redes.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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