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Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Vale esvazia bairro em área próxima a barragem em Nova Lima, na Grande BH

Cerca de 200 pessoas tiveram que deixar suas casas na comunidade de Macacos

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Belo Horizonte

No início da noite deste sábado (16), moradores do distrito de Macacos, em Nova Lima (a 25 km de Belo Horizonte), começaram a receber mensagens de texto e áudio pelo telefone dizendo que tinham de deixar o local, porque uma das barragens estava em risco de rompimento. 

As mensagens eram enviadas por vizinhos e conhecidos, em grupos. Segundo Raul Franco, presidente da associação de moradores do local, alguns chegaram a hesitar em acreditar que fosse verdade. 

“Fomos surpreendidos por uma sirene e a desinformação alimenta o pânico. Ninguém sabia como agir ou pra onde ir. Nesse caso, preventivamente, mas foi suficiente para causar um caos e insegurança geral”, conta ele. 

Segundo Raul, desde outubro do ano passado moradores e entidades da região vinham se reunindo com representantes da Vale para saber a situação das barragens em Nova Lima. A empresa teria atestado que todas as estruturas estavam licenciadas e seguras. 

Morador de Macacos há 15 anos, o músico José Paulo Ribeiro Fontes Jr, 51, conta que as sirenes começaram a tocar cerca de uma hora depois de receber as primeiras mensagens falando em evacuação. A parte da casa dele, porém, está fora da zona da mancha, que seria afetada em um rompimento.

Na noite de sábado, ele se dirigiu ao centro comunitário onde foram encaminhadas famílias que tiveram de deixar suas casas.  

"Essa empresa não tem a menor consideração com vidas humanas, muito menos com o meio-ambiente. Momento de terror é o que estamos vivendo. Já entraram duas ambulâncias aqui para atender pessoas com problemas de coração, as crianças estão chorando apavoradas", disse à Folha

Segundo informações do governo do estado, a coordenadoria da Defesa Civil de Minas Gerais recebeu uma notificação da Vale, no sábado, informando que a empresa responsável por atestar a estabilidade de duas barragens na Mina Mar Azul, não havia firmado o documento. 

Depois de vistoria solicitada pela Defesa Civil à Agência Nacional de Mineração, foi atestado que as estruturas se encontram em nível 2, um abaixo do nível de rompimento, o que levou ao plano de evacuação de 49 casas situadas na zona de risco. 

Das cerca de 200 pessoas que foram retiradas do local, 40 foram encaminhadas a hotéis pela Vale. As demais optaram por ficar em casas de parentes e amigos, segundo a Defesa Civil. 

Ainda de acordo com a assessoria do governo, não há previsão de manifestação do governador Romeu Zema (Novo) sobre as evacuações que ocorreram depois do rompimento da barragem 1, no Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro. A tragédia deixou 166 mortos e 145 desaparecidos, até o momento. 

A evacuação em Macacos foi a terceira. No dia 8 de fevereiro, as cidades Barão de Cocais, a 100 km de Belo Horizonte, e Itatiaiuçu, na região metropolitana, foram evacuadas diante do risco de novos incidentes com reservatórios. 

Na ação movida pela Promotoria de Minas Gerais questionando a segurança de outras barragens da Vale no estado, há um documento anexado pela Associação de Proprietários do condomínio Pasárgada, também em Nova Lima. Nela, moradores questionam a segurança de barragens próximas às casas com previsão de descomissionamento ou não. 

“Além do Pasárgada, o distrito de São Sebastião das Águas Claras também está abaixo da barragem de Capão da Serra e será quase totalmente devastada pelo enorme volume de água e tudo que ela carrear, caso ocorra seu rompimento”, diz o documento. 

O condomínio não está na zona de risco das barragens B3 e B4 da Mina Mar Azul, que levou à evacuação deste sábado, mas a situação preocupou a comunidade. 

“Todos estamos aflitos com nossos vizinhos e amigos. Vamos esperar amanhã para ver o que acontece”, diz Flávia Stortini de Souza Cruz, moradora que assina o documento.

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