Siga a folha

Grupo de trabalho altera regras para progressão de regime no pacote anticrime de Moro

Sob comoção de caso Ágatha, excludente de ilicitude deve ser votado somente nesta quarta (25)

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

O grupo de trabalho na Câmara dos Deputados que analisa o pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) decidiu nesta terça-feira (24) endurecer as regras para reincidentes responsáveis por crimes hediondos ou que resultem em morte.

O assassinato da menina Ágatha, 8, no Rio de Janeiro criou a expectativa de que nesta reunião seria votado o excludente de ilicitude, que abranda penas para agentes que cometerem excessos “sob escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Parentes da menina dizem que o tiro que a matou foi disparado por policiais.

A convocação de uma sessão do Congresso para análise de vetos de abuso de autoridade do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e outros temas, no entanto, encurtou as discussões, e o grupo optou por debater o excludente nesta quarta-feira (25).

 
Manifestante protestam durante reunião do grupo de trabalho que analisa o pacote anticrime do ministro Sergio Moro na Câmara - Pedro Ladeira/Folhapress

Os parlamentares votaram a favor de uma emenda modificativa ao projeto que altera as regras para progressão de regime. Hoje, a lei permite o benefício após o cumprimento de dois quintos da pena, em caso de réu primário, e de três quintos, se reincidente.

Pela emenda respaldada pela maioria dos deputados, o réu primário e que tiver cometido crime sem violência ou grave ameaça poderá ser transferido a um regime menos rigoroso após cumprir 16% da pena. Já os que forem reincidentes em crimes hediondos ou que resultem em morte poderão solicitar a progressão após cumprimento de 70% da pena.

O grupo também acatou sugestão que aumenta a exigência para que condenados por comandar de organização criminosa ou pela prática de crime hediondo possam pedir progressão de pena —agora, terão que cumprir 50% da pena, e não 40%, como proposto na emenda modificativa inicial.

Os deputados aceitaram ainda uma modificação que prevê que o condenado que cometer falta grave durante o cumprimento da pena fique um ano impedido de pleitear benefícios de progressão de regime. O bom comportamento será readquirido um ano após a ocorrência do fato grave, segundo emenda do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

O tema foi o único votado durante as duas horas de reunião. A temperatura visivelmente esteve mais elevada do que em discussões anteriores do grupo. A começar pela presença do líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), que reforçou o comprometimento do presidente com o pacote de Moro e defendeu a “insurgência” da base aliada contra pontos derrotados pelo grupo de trabalho.

A menina Ágatha foi citada tanto por parlamentares do governo quanto da oposição. O relator do pacote, deputado Capitão Augusto (PL-SP), afirmou que os deputados de partidos da esquerda querem “manchar” seu relatório com a morte da criança e qualificou a tentativa de “leviana” e “populista”.

O deputado Fábio Trad (PSD-MS) associou o elevado comparecimento de parlamentares e a participação na sessão à morte da menina. “Não fosse o fuzilamento de Ágatha, estaríamos em sete, oito, dez, no máximo”, disse.

Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), qualificara de perigoso o item proposto no pacote anticrime.

“Tem que tomar um certo cuidado até para que os comandantes não percam o controle das suas tropas”, afirmou.

Para Maia, é importante deixar claro que a prioridade não deve ser estimular a violência policial. “Também nós estamos perdendo muitas vidas de policiais que também precisam ser preservadas. Mas não vai ser resolvida no confronto.”

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que informava a reportagem, o texto apoiado pelos deputados no grupo de trabalho não representa um alívio na progressão de regime para réus primários que cometeram crimes não violentos, pois a progressão após o ​cumprimento de 16% da pena já está prevista em lei. O texto foi corrigido.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas