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Obsessão de Bolsonaro vira política e reduz opções para a Saúde

Militares e militantes parecem os únicos que podem aceitar a vaga de Teich na crise

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São Paulo

A obsessão de Jair Bolsonaro com o uso da cloroquina contra os efeitos da Covid-19 ultrapassou a barreira do pensamento mágico a que estava conscrita.

Agora, é política de Estado. Isso fará a escolha do substituto de Nelson Teich à frente do Ministério da Saúde uma via de mão única.

Ou aceita o cargo um militar preso à hierarquia, ou um militante bolsonarista, se não uma fusão das duas coisas.

Há poucos dias, um estudo internacional demonstrou a ineficácia e os riscos da administração da cloroquina e da hidroxicloroquina.

Mas o futuro titular da Saúde terá de aceitar não só que o remédio “salva vidas”, como tuita o clã Bolsonaro, mas também que ele deve ser administrado em pacientes no início da doença.

Mesmo médicos que admitem testar a cloroquina o fazem apenas em casos graves, como recurso emergencial. E, até aqui, sem comprovação de eficácia.

O rebaixamento do padrão científico para o da crendice especulativa se espalhou pela Esplanada dos Ministérios e chegou à pasta talvez mais central para o país agora.

Nesse contexto, é irônico que se lance mão de militares, que sempre buscaram se apresentar como reservas de racionalidade no governo.

Há uma boa probabilidade de o substituo de Teich acabar sendo o general Eduardo Pazuello, que está interino mas já era o ministro de fato na pasta.

Pazuello tem fama de bom organizador logístico, decorrente de sua atuação com refugiados venezuelanos, mas só. De resto, cumprirá o que o presidente mandar.

A alternativa militar na praça, o almirante médico Luiz Fróes, traz consigo o verniz de ele ser da área —é diretor de Saúde da Marinha. Mas, segundo quem conhece Pazuello, ele teria dificuldade em aceitar a subordinação.

Restam então médicos bolsonaristas, que não se importam em ser associados ao governo de país relevante mais mal avaliado na condução da crise da pandemia —apesar da competição dura de Donald Trump nos EUA.

Pode ser político como Osmar Terra, ou influência parda como Nise Yamaguchi. A rejeição da maioria da classe da saúde estará garantida.

Teich, por sua vez, saiu como entrou: invisível e sem altivez nem para explicar os motivos óbvios de sua saída.

Aos poucos, Bolsonaro consegue montar um governo à sua imagem. Ele tem sido colocado pela imprensa internacional ao lado de caricaturas como o líder da Belarus, Aleksandr Lukachenko, por seu manejo da pandemia.

Corre o risco de isolar até nesse clube. O bonachão autocrata só receita vodca e sauna para o vírus, não remédios que podem causar arritmias fatais.

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