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Deputado encena aborto durante sessão do Congresso em ato de protesto

Dr. Zacharias Calil (União-GO), que é médico, critica decisão do STF sobre técnica usada após 22 meses de gestação

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São Paulo

O deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO) encenou nesta terça-feira (28), no plenário da Câmara, um procedimento de assistolia fetal, técnica utilizada para a interrupção de gestações acima de 22 semanas. Ele levou à tribuna bonecos de borracha para representar o abdômen de uma mulher grávida e um feto na fase final de gestação.

O ato foi um protesto contra decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que suspendeu todos os processos judiciais e procedimentos administrativos e disciplinares provocados por resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) que restringia o aborto legal de gestações acima de 22 semanas resultantes de estupro.

O deputado Dr. Zacharias Calil com boneco para simular aborto na Câmara - drzachariascalil/instagram

"Devemos continuar discutindo sobre a assistolia fetal. Mostrei de forma clara no Congresso Nacional como essa prática cruel funciona e porque deve ser proibida urgentemente", disse o deputado, que é médico pediatra. A encenação foi realizada durante sessão conjunta do Congresso para analisar vetos do presidente Lula (PT).

A técnica criticada pelo deputado consiste na injeção de produtos químicos no feto para evitar que ele nasça com sinais vitais. É recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e tida pelos protocolos nacionais e internacionais como a melhor prática assistencial à mulher em casos de aborto legal acima de 22 semanas.

"Não podemos permitir que uma criança com tamanho de oito a nove meses seja sacrificada intra-útero", disse o parlamentar. "Isso não é um impedimento de aborto, isso é um feticídio".

Outros seis deputados de oposição ao governo Lula ficaram ao lado dele durante o discurso e a encenação.

A decisão de Moraes decorre de sanções que foram aplicadas por conselhos regionais de medicina e por gestores de saúde a profissionais de serviços de aborto legal que utilizam a técnica de assistolia fetal para a interrupção de gestações acima de 22 semanas.

Como mostrou a Folha, a resolução do CFM vinha dificultando a realização de abortos legais em vítimas de estupro, uma vez que médicos temiam ser punidos por seus conselhos médicos.

Após a decisão, o CFM voltou a pedir que a ação que tramita no STF sobre o assunto seja julgada pelo ministro Edson Fachin. A relatoria atualmente é de Moraes.

O CFM sustenta que Fachin deveria analisar o processo por ser também o relator da ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) 989. A iniciativa pede que o Estado brasileiro assegure a realização do aborto nas hipóteses previstas em lei, hoje dificultada por uma série de obstáculos.

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