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'O que o intermediário faz da porta para fora é problema dele', diz presidente do Corinthians

Augusto Melo defende sua atuação no caso da VaideBet e diz que tudo passou pelo jurídico do clube

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São Paulo

Augusto Melo, presidente do Corinthians, afirma que "lavou as mãos" depois que negociou o contrato com a VaideBet, rompido há 52 dias, em meio à suspeita de que uma empresa laranja foi usada na negociação do time do Parque São Jorge com o site de apostas esportivas.

Segundo o cartola, sua atuação na época se limitou a negociar as bases da parceria com a empresa, além da porcentagem da comissão para o intermediário.

"A gente fechou tudo em um escritório e, depois, é o que eu faço, entrego para o jurídico e o compliance. A gente lavou as mãos e fica para os órgãos competentes. Eles analisaram tanto a patrocinadora quanto o intermediário e foi tudo aprovado", disse Augusto à Folha.

O presidente corintiano contou que repetiu recentemente o mesmo procedimento, ao negociar com a nova patrocinadora máster do clube, a Esportes da Sorte.

O acordo anunciado na última quinta (25), no entanto, não teve intermediário. O vínculo será de três anos, período no qual o clube vai receber R$ 309 milhões. Há gatilhos que podem fazer esse valor aumentar. O contrato da antiga parceira era de R$ 370 milhões.

Augusto Melo, presidente do Corinthians, em entrevista à Folha no CT Joaquim Grava - Folhapress

Alardeado pelo clube como maior da história do futebol brasileiro, o acordo com a VaideBet é investigado pela Polícia Civil, que abriu um inquérito sobre o pagamento da comissão de R$ 25,2 milhões para Alex Fernando André, o Alex Cassundé.

Em maio, o jornalista Juca Kfouri afirmou em seu blog no UOL que a empresa de Cassundé repassou parte da comissão que recebeu para uma empresa "laranja".

Em depoimento à polícia, Cassundé disse que não cobrou pelo intermédio da negociação que os R$ 25,2 milhões foram oferecidos pelo clube. Augusto Melo desconfia da versão.

"Isso não existe. Tem alguma coisa errada".

Como foi o contato com a Esportes da Sorte? Eles o procuraram ou o senhor procurou pela empresa?
Desde que a outra patrocinadora [VaideBet] nos deixou, em uma sexta-feira, se não me engano, dois dias depois, a gente teve contato com outra empresa. Negociamos, acertei tudo e, como faço sempre, passei aos departamentos competentes, jurídico, marketing, financeiro e compliance. Sempre foi assim, desde a outra patrocinadora. Aí, teve ressalvas e ficou para eu decidir. Então, 'não, né?' Se os departamentos competentes achavam que poderia ter alguma ressalva, não da empresa, mas garantias e da estrutura...

Depois que apareceu Esporte da Sorte, nos procurando também. Disseram que queriam negociar direto com o presidente. Eu achei ótimo.

Partiu deles a negociação?
Partiu deles. Aí começaram as tratativas, negociamos tudo e acertei com eles. Foram 20 dias negociando.

Teve intermediário?
Não teve intermediário. Foi direto conosco.

Foi uma preocupação do senhor nessa negociação não ter intermediário em função do que aconteceu com a antiga patrocinadora?
Não, não, mesmo porque essas outras duas empresas que estavam negociando com a gente tinham um intermediário. Sempre quem chega [até o clube] é um conhecido, é uma agência que procura, é normal, de praxe. Não tenho preocupação nenhuma porque a gente sempre fez as coisas muito claras e honestas.

No caso da Esporte da Sorte, o que fez a diferença, além da questão financeira?
O modelo de entrega deles. O marketing deles é muito bom. Essa parceria não tenho dúvida que vai dar certo.

O senhor prometeu no começo de sua gestão que faria uma semana da transparência, falando sobre os problemas financeiros e jurídicos do clube. Por que ela ainda não ocorreu?
Nós tivemos duas mudanças importantes e isso fica a critério da própria consultora, que é a E&Y. Ela já nos colocou duas vezes uma data e, de repente, troca o financeiro, troca o jurídico, tem todo uma estrutura que eles precisam se adaptar, para que eles possam, o mais rápido possível.

Qual o prazo?
Muito em breve. O financeiro está quase tudo em dia. O jurídico já está com todos os contratos sendo analisados. Muito em breve. Eu não vejo a hora, isso é uma promessa de campanha.

No caso da antiga patrocinadora, a VaideBet, como foi o primeiro contato com eles? Como foi a primeira vez que o senhor soube que ela estava interessada em patrocinar o Corinthians?
Eu estava no clube, tinha acabado de ganhar a eleição. Foi no dia 22 ou 23 [de dezembro]. Depois, nós sentamos no dia 27, alguma coisa assim, e, quando foi trazida para mim, foi o Marcelo Mariano [diretor administrativo do clube] junto com essa rapaz, o Alex.

Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design?
Isso. Foi trazido e aí eu falei para o Marcelinho [Marcelo Mariano] toca porque, na verdade, eu não estava negociando. Eu estava negociando com outras três bets. Uma que já estava na nossa camisa. A outra era a Aposta e Ganha e outra era a Betano, que foi trazida por último. Estava bem adiantado com uma [...] Aí, dentro disso, foi uma negociação muito rápida, acho que dia 27 ou 28, se me engano, a gente acabou fechando [com a VaideBet]. Eu e o próprio dono da VaideBet. A gente fechou em um escritório e, depois dali, é o que eu faço, entrego para o jurídico e o compliance. A gente lavou as mãos e fica para os órgãos competentes. Eles analisaram a patrocinadora e o intermediário e foi tudo aprovado, como foi agora.

Sobre essa negociação, o senhor afirmou em entrevista ao jornalista Benjamin Back, no dia 10 de maio, que negociou pessoalmente uma redução no valor da comissão...
Quando chegou até mim, na verdade, se não me engano, acho que foi o Sérgio [Moura, ex-superintendente de marketing do Corinthians] que conversou com ele [Cassundé], que o Sérgio era quem cuidava do marketing, [o pedido] de 20% [de comissão]. A gente não pagava isso. Eu não pago isso de forma alguma para ninguém. Aí, falavam em 10%, eu falava em 5%, chegamos em 7%, e aí eu falei 'pode fechar no 7%'.

Essa entrevista aumentou o ruído sobre a negociação porque anteriormente o senhor teria afirmado para pessoas que trabalharam na sua gestão que não havia um intermediário na negociação. Depois apareceu um intermediário que agora nega que tenha pedido comissão. Qual a versão do senhor?
Pelo que eu sei, está meio mal contada essa história do depoimento [do Alex Cassundé]. Não tem como não ter um intermediário se foi o intermediário desde o primeiro dia da negociação. O contrato não tem aditivo. O contrato está lá na polícia. O contrato está no nosso jurídico. Desde o primeiro dia está lá. Não tem nenhum aditivo. Está lá: 'comissionado, 7%, tal pessoa'. Eu não conhecia esse rapaz, eu o vi uma vez só, não tenho telefone. Foi o que aconteceu agora com essa outra empresa que estava negociando com a gente agora. Uma pessoa que nos procurou de uma outra agência e a gente faz uma negociação normal. No dia [da negociação com a VaideBet], só estava eu, ele, e o Marcelo negociando.

Quando o senhor soube do relato do depoimento dele, em que ele nega que tenha pedido comissão, lhe causou uma estranheza?
Isso não existe. Tem alguma coisa errada. Eu não cheguei a ver direito, mas acho que ele não tenha falado dessa forma, até porque eu gostaria muito de ter comissão. É um absurdo.

O senhor tem registros de comunicação com o Alex Cassundé que comprovem que ele foi o intermediário, que houve o acerto de uma comissão?
Sim. Ele só foi o primeiro dia de negociação. Depois, eles que fizeram, e coloram direto com o jurídico.

Em entrevista ao UOL, o diretor jurídico do Corinthians, Leonardo Pantaleão, afirmou que "houve crime" no caso da empresa laranja que recebeu repasses da comissão do contrato com a VaideBet. Qual a opinião do senhor sobre o caso da empresa laranja, houve crime, o senhor tem cobrado celeridade sobre a investigação?
Sim. O Corinthians é vítima, desde o começo, eu sempre me coloquei à disposição, eu que assinei toda a documentação em todos os sentidos que precisasse. Eu, como presidente, o que eu quero é esclarecer o mais rápido possível, mesmo porque o Corinthians é vítima. A partir do momento que você tem um intermediário que faça alguma coisa, dali pra fora, o que ele faz, é problema dele.

Tem algo ainda para receber da VaideBet?
Tem, tem, são R$ 6 milhões, mais ou menos.

A multa pela quebra do contrato com Pixbet [ex-patrocinadora do clube], já foi paga?
Estamos pagando. Vamos deixar uma coisa bem clara: primeiro, a multa era de R$ 20 milhões.

Não eram R$ 40 milhões?
Não. Os outros R$ 20 milhões eram uma antecipação que a [antiga] gestão fez. Deu para entender?

O contrato prevê um valor de fixo, no caso R$ 20 milhões, ou uma porcentagem?
A multa era de R$ 30 milhões no primeiro ano. Aí, cumpriu um ano, ficou R$ 20 milhões de multa. Esse, sim, o Corinthians pagou, que a VaideBet antecipou R$ 10 milhões. E o Corinthians pagou os outros R$ 10 milhões. Só que a gente tem que pagar mais R$ 20 milhões, que é o que a gestão [passada] antecipou, que é como agora, que a Esporte da Sorte também antecipou.

Ao longo da polêmica envolvendo o contrato com a VaideBet, várias pessoas deixaram sua gestão. Mas, o Marcelo Mariano, não deixou seu cargo, pelo menos, até tudo ser esclarecido. Por que o senhor optou por não afastá-lo?
É aquilo que a gente falou, o Corinthians é vítima, o Corinthians não está em hipótese nenhuma nisso, não tem nada, então não tem motivo para eu afastar qualquer um que seja.

O senhor não repreende nenhuma conduta dele?
Foi uma coisa muita limpa, transparente e a polícia vai provar isso. Eu não coloco a minha mão no fogo por ninguém. Eu dou uma educação para os meus filhos, mas o ser humano está sujeito a erros. Mas o Marcelo é uma pessoa muito competente, administra muito bem. É uma pessoa que eu confio. O dia em que me apresentarem uma prova, como eu tive algumas situações aqui, eu tiro fora.

Recentemente, o Corinthians fechou a venda dos direitos de TV para a Liga Forte União. O senhor acredita que o Corinthians possa ter mais influência na LFU do que teria na Libra?
O Corinthians teria o mesmo poder em qualquer uma das duas porque o Corinthians é uma das marcas mais valiosas do mundo. Não foi isso a parte predominante, mas sim a parte financeira. Nos ofereceram um acordo muito melhor em todos os sentidos, antecipação, valorização...

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