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Olimpíadas 2024 tênis de mesa

Derrotas decisivas em Paris não apagam feito histórico de Calderano

Desafio do brasileiro agora é se manter entre os melhores do mundo para chegar em boas condições a Los Angeles-2028

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São Paulo

Ser o primeiro não asiático e não europeu a ficar entre os quatro melhores em Jogos Olímpicos no tênis de mesa é um feito histórico de Hugo Calderano e uma marca que o acompanhará daqui para frente.

Ainda que as derrotas nas semis e na disputa do bronze sejam frustrantes, o desempenho em Paris rompe uma fronteira, algo que o brasileiro já havia feito, só que sem os holofotes que as Olimpíadas proporcionam.

O brasileiro Hugo Calderano durante a semifinal do individual masculino do tênis de mesa nos Jogos de Paris contra o sueco Truls Moregard - Xinhua

O fato de Calderano ter figurado no top 3 do ranking mundial e, ainda mais impressionante, permanecido entre os dez melhores por mais de 300 semanas consecutivas espelha uma consistência incomum para um atleta de um país onde o tênis de mesa não é parte da cultura, como é o futebol no Brasil. E cultura importa.

Depois da China, com quase 30 conquistas, o Brasil é o país que mais reúne títulos do WTT (World Table Tennis). O Brasil? Só se o Brasil se chamar Hugo Calderano. São sete troféus ao todo, e só neste ano foram dois. É difícil imaginar que esses números sejam superados por outro latino-americano no médio prazo —hoje, o mais bem colocado da região no ranking depois do brasileiro é o cubano Andy Pereira, no 57º lugar.

Com Paris, as presenças em Olimpíadas chegam a três, e em cada uma delas ele evoluiu. Na primeira, em 2016, no Rio, sua cidade natal, avançou às oitavas de final, igualando a melhor marca de um brasileiro até então, de Hugo Hoyama em Atlanta-1996. Em Tóquio-2020, foi até as quartas, caindo numa derrota doída para o alemão Dimitri Ovcharov —daquela vez, a semifinal parecia algo muito palpável e escapou de virada.

Agora, Calderano foi ainda mais longe, mas a derrota doída se repetiu na tentativa de chegar à final, e outra vez após uma virada marcante. O placar de 10 a 4 no primeiro game certamente ecoa na cabeça do mesa tenista, ainda mais contra alguém que não figurava entre os favoritos. Mesmo que o sueco Truls Moregard venha de um país com tradição no tênis de mesa, não há outra palavra para defini-lo em Paris: zebra.

As trajetórias em Jogos marcam demais, porque coroam ou afundam um ciclo sob os olhos de um público amplo que não costuma acompanhar a modalidade —então é natural pensar que só ali se faz história. Mas o esforço para se manter na elite entre Olimpíadas é talvez ainda mais difícil, e esse é o desafio agora.

Aos 28, Calderano chegará a Los Angeles com 32, a idade que Ma Long tinha ao alcançar o bicampeonato olímpico. O chinês, visto como o melhor mesa tenista da história, é uma exceção em muitos aspectos —e é necessário parcimônia para fazer comparações—, mas o brasileiro já mostrou ser um atleta fora da curva.

Para chegar com boas condições de ao menos repetir o desempenho em Paris, ele terá de continuar entre os melhores atletas do ranking mundial, o que permite ser um dos quatro cabeças de chave e garante um caminho mais acessível até as semifinais. Do contrário, o chaveamento olímpico fica bem mais pedregoso.

Qualquer que seja o resultado no futuro, Calderano já cumpriu o objetivo declarado de popularizar o tênis de mesa no país, e o caminho em Paris certamente ajudará a fazer com que mais brasileiros se familiarizem com regras e termos como "cozinhada", "chiquita" e "terceira bola", impulsionando a prática da modalidade.

O desconhecimento é tão grande que, ao realizar na prática os movimentos de um esporte tão ligado ao lazer, as pessoas entenderão que a imensa maioria não consegue ganhar nem um ponto contra um jogador olímpico. Por fim, o quarto lugar deve ampliar a frequência com que o país vê jogos do circuito, o que fará justiça a seu maior atleta. Porque embora o resultado seja histórico, Calderano já tinha feito história antes.

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