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Criança é capaz de lidar com livros mais complexos, diz escritor Bruno Molinero

Infantojuvenis 'Corpo de Passarinha' e 'A Língua do Vendaval' falam de temas como o luto e o vazio

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São Paulo

Ao escrever seus dois primeiros livros infantis, Bruno Molinero se propôs a não subestimar a inteligência das crianças. Ele conta que seu compromisso é com o texto e não pensa se está escrevendo para uma criança ou um adulto.

O escritor sabe do risco de desagradar o leitor, mas está bem com isso. "A criança é capaz de lidar com coisas complexas, e às vezes a literatura infantil se esquece disso", diz o jornalista, que é autor do blog Era Outra Vez, da Folha.

Bruno Molinero é colunista da Folha e autor dos livros "Corpo de Passarinha" e "A Língua do Vendaval"

Seus dois livros mais recentes, "Corpo de Passarinha" e "A Língua do Vendaval", foram escritos após a morte de sua mãe, e Molinero inseriu nas histórias questões como o luto, o vazio, o distanciamento e a ausência.

"Todo mundo já teve algum sentimento de ausência, sejam pais que se separam, um cachorro ou peixe que morreu, uma troca de escola e amigos que se distanciaram. A infância também tem vazios e despedidas, desde sempre a vida é assim", afirma o escritor.

A protagonista e narradora de "Corpo de Passarinha", vencedor do Prêmio Barco a Vapor em 2023, é uma menina sem nome que liberta uma ave da gaiola.

O livro é todo construído em metáforas e se sustenta por um triângulo que contém a menina, a passarinha, e a mãe, que está ausente, mas o leitor não sabe o porquê. A história gira em torno de uma frase da mãe: "a liberdade é o maior bem que a gente tem".

Já "A Língua do Vendaval" toma liberdades na linguagem, que fica entre a poesia e a prosa. A proposta é fazer o leitor se perder, pois, para o autor, a graça da arte é não entender tudo.

"Quando você vai ao museu, às vezes você olha um quadro e não entende. E tudo bem. Talvez você vá olhar o livro depois e entender uma outra coisa, porque é uma obra aberta", aponta Molinero.

No livro, o narrador perdeu alguém que não conhecemos em circunstâncias também desconhecidas. "Eu não falo nem se o personagem principal e a pessoa ausente são homens ou mulheres, velhos ou novos, branco ou negros. E o Feres Koury, o ilustrador, embarcou nesse jogo e respeitou isso, com ilustrações mais abstratas."

A intenção do autor é que qualquer leitor possa se colocar no texto. A falta da pessoa que se foi é ilustrada por elementos que parecem banais dentro do dia a dia, porque, segundo Molinero, "a gente é feito de pequenos fragmentos que parecem desimportantes, parecem aleatórios, mas quando você junta todos você cria um perfil, um retrato".

Nenhum dos dois livros apresenta uma moral da história explícita ao final. Molinero conta que adultos leem livros pela experiência estética, e escolheu proporcionar essa mesma experiência ao público infantil.

"Isso não quer dizer que a criança não aprenda nada, mas ela não aprende nada direcionado", diz o autor. "A literatura não traz respostas, isso é da autoajuda."

Corpo de Passarinha

Avaliação:
  • Preço: R$ 53 (96 págs.)
  • Autoria: Bruno Molinero
  • Editora: SM
  • Ilustrações: Elisa Carareto

A Língua do Vendaval

Avaliação:
  • Preço: R$ 65 (96 págs.)
  • Autoria: Bruno Molinero
  • Editora: Ôzé
  • Ilustrações: Feres Khoury

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