'Meu foco é pregar pra todo mundo', diz Vitória Souza, que viralizou com vídeos de parábolas

Jovem com 2,5 milhões de seguidores comenta críticas e fala dos planos para quando virar adulta

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São Paulo

Com dois iPhones nas mãos, amassando uma nota de R$ 100 ou fazendo a análise de um copo de plástico: não importa de que jeito, certamente Vitória Souza já passou pelo feed das suas redes sociais. Aos 17 anos recém-completos, a influencer gospel que tem 2,5 milhões de seguidores no Instagram e quase um milhão de inscritos em seu canal do Youtube viralizou, e agora é assunto até de quem não tem a religião como um dos interesses do dia a dia.

"A minha brincadeira preferida era de ‘cultinho’", conta a jovem. "Tem meninas que pegam as bonecas e brincam de escolinha, mas eu pegava uma cadeira, colocava a bíblia, aí eu pegava um desodorante ou um controle da televisão como microfone e ficava ali brincando que era um culto."

Vitória Souza, 17 anos, na redação da Folha, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Entre os evangélicos —pessoas que seguem a mesma religião que Vitória e sua família—, cultos são as celebrações em que as pessoas se reúnem para conversar sobre Deus e seus ensinamentos. O pai de Vitória é pastor em uma igreja em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

"Ele começou a perceber que estava despertando um interesse meu ali. Até que um pastor me chamou para pregar no Dia das Crianças e depois daquele dia nunca mais parei. Foi tudo por livre e espontânea vontade", diz Vitória, que tinha 4 anos quando fez sua primeira pregação, que é como são chamadas as falas de um líder evangélico.

Mais de uma década depois, vídeos de Vitória pregando são compartilhados por variados tipos de perfis nas redes, desde os religiosos até páginas de humor. Quase sempre, quem posta destaca os trechos em que a jovem está fazendo uma parábola.

"Uma parábola é como uma ilustração. Muita gente não consegue entender a bíblia se você só abrir e explicar, a pessoa não consegue interpretar. Mesmo uma pessoa adulta, madura, pode ter dificuldade. Imagina então explicar para uma criança", comenta.

Vitória tem 2,5 milhões de seguidores em seu perfil do Instagram - Zanone Fraissat/Folhapress

É por isso que ela amassa a nota de R$ 100, por exemplo —Vitória usa essa imagem para mostrar que, mesmo quando algo não está em sua plena forma, ainda tem seu valor garantido.

Seu jeito de passar ensinamentos agrada alguns e aborrece outros. "Tem gente que fala que eu deveria falar mais de teologia [estudo das divindades e das crenças], mas eu não quero pregar para o teólogo [quem estuda teologia], porque ele conhece a bíblia. Eu quero pregar pra um adolescente que não conhece [a bíblia]", explica.

"Ele está com um iPhone na mão toda hora, então se eu usar como exemplo dois iPhones ele vai entender, é a linguagem dele. Quando você chega com algo inovador, fora da caixinha, as pessoas vão olhar e falar que está errado. Vão dizer que é coach gospel, nem sei falar essa palavra direito", brinca, rindo. "Pregar pra crente é fácil, mas meu foco é pregar para todo o mundo."

Ela diz que se diverte quando vê os compartilhamentos. "Parece loucura, mas acho isso muito bom. Já me vi em páginas de entretenimento e fofoca. E você já viu uma ministração entrar nesses lugares? Só quando é notícia negativa ou escândalo. E eu caí lá como a pastora que viraliza porque está pregando o evangelho."

Os vídeos são gravados por um assessor de Vitória, que usa um celular e uma filmadora. Depois de feitas as imagens, ele faz a edição, separa trechos para o Instagram, onde só cabem gravações curtas, e joga tudo na íntegra no perfil da jovem no Youtube.

Vitória mora com os pais e duas irmãs mais novas, de 3 e 7 anos, em uma casa com quintal em São José do Rio Preto. Uma das meninas, conta Vitória, já ensaia vídeos parecidos com os seus no celular da mãe.

"O celular é uma ferramenta que pode tanto te ajudar quanto te destruir, e os pais têm que saber instruir os filhos. Ela fala que quer crescer igual a mim, falar igual a mim, ser igual a mim. Querendo ou não, Deus tem levantado essa geração para ser uma inspiração, e eu estou nesse meio", acredita.

Vitória conversou com a Folhinha na sede da Folha logo após o feriado do Carnaval. De rabo de cavalo, maquiagem leve e unhas feitas, ela usava um vestido rosa escuro de bolinhas e sandálias com salto bem alto. Contou que ganha muitas roupas direto das lojas —várias peças ainda estão em seu armário com etiqueta. É raro que precise comprar alguma coisa, diz.

"Eu estava numa fase bem de adolescente e gostava muito de tênis. Tenho coleção, usava muito. Aí acho que agora fui começando a olhar e pensar que queria usar salto", comenta, respondendo à pergunta sobre quanto mede: "Tenho 1,53 m".

Em fevereiro do ano que vem, ela completará 18 anos. Já avisou ao pai que não quer festa de aniversário porque prefere usar o dinheiro para tirar carteira de motorista e comprar um carro. Acha que, com a idade, nada vai mudar na igreja. Mas e no resto?

"Vem muito mais responsabilidades, né? É a maioridade, e muita coisa vai mudar porque não vou mais ser uma adolescente, vou ser uma mulher. Ainda não vou morar sozinha, porque aí vai ter conta pra pagar, compra pra fazer. Só quero me mudar quando eu estiver consolidada ministerialmente e quando me casar, pra construir a minha família", planeja.

Vitória tem sido convidada para ministrar em igrejas do Brasil todo, e recebe cachês que guarda no banco, em investimentos. Além das pregações, também vem trabalhando na carreira de cantora com a gravação de louvores, que é como são chamadas as músicas gospel.

Tem planos de em breve tirar o título de eleitor, documento que todo mundo que quer votar precisa ter. Mas, por ora, não pensa em se envolver com a política além disso, se candidatando a algum cargo, por exemplo. "É um assunto polêmico. E, como sou inspiração para muita gente, às vezes uma palavra que eu fale pode ser ruim para alguém. Mas quem sabe, né? O futuro a Deus pertence."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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