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Programas de humor hoje têm dificuldade de inovar, afirma humorista

Segundo Cláudio Manoel, do Casseta & Planeta, 'Tá no Ar' recicla 'TV Pirata', surgido há 30 anos

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Humorista Agildo Ribeiro em cena do documentário "Tá Rindo de Quê?" - Divulgação

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São Paulo

Apesar da grande disponibilidade de novos meios e formatos, programas televisivos de humor, como o "Tá no Ar", que terá sua última temporada exibida pela Globo neste ano, ainda reciclam velhas fórmulas e têm medo de ousar.

A afirmação é de Cláudio Manoel dos Santos, membro do humorístico Casseta & Planeta, grupo que teve programa exibido na Globo por quase 20 anos e hoje possui canal no YouTube. 

O humorista participou de debate após sessão realizada pela Folha do documentário “Tá Rindo de Quê? - Humor e Ditadura”, com a participação de Alê Braga e Álvaro Campos, com quem Cláudio Manoel dirigiu o filme, e do jornalista e cartunista Edson Aran. O mediador da mesa foi o colunista do F5 Tony Goes.

“Como pode ser novo se repete a 'TV Pirata', um programa que passava há 30 anos? É muito engraçado que um humorístico hoje tenha como referência apenas a televisão. Ela era uma referência da nossa geração”, disse o humorista.

Outro problema, de acordo com ele, é o fato de o programa levar muito tempo para ser feito, perdendo o timing de notícias e temas contemporâneos, essencial para a comédia. “Quando você faz tudo em temporadas, perde a atualidade. A principal característica do 'Tá no Ar' é que ele não está no ar”, completou.

Para Cláudio Manoel, a comédia mais ousada hoje é feita na internet, por meio de memes e no YouTube.

Na discussão, os diretores evitaram traçar paralelos entre o que é mostrado no documentário —que foi gravado há cerca de dois anos, antes das últimas eleições— e o momento atual do Brasil. O filme narra, por meio de depoimentos de personalidades como Agildo Ribeiro, Carlos Alberto de Nóbrega e Jaguar, a trajetória do humor brasileiro em meio à repressão e censura do período militar.

De acordo com Cláudio Manoel, apesar de haver um radicalismo dos posicionamentos e manifestações da população atualmente, este não se compara à censura imposta pelo Estado na época.

Edson Aran elogiou o filme. “Documentário da época da ditadura geralmente tem berimbau e Chico Buarque cantando 'Cálice'. O filme tem berimbau, mas não tem o Chico”, brincou.

Ele questionou, porém, a insistência das produções brasileiras em tratar da ditadura e perguntou aos diretores se não é hora de focar mais esforços em nossa democracia.

Segundo Álvaro Campos, relembrar o período é importante como forma de cultivar a memória e evitar incorrer em erros do passado. “Nem o governo eleito nem a esquerda estão abertos ao diálogo. Relembrar um momento como a ditadura, em que não havia debate, é essencial para pedir mais diálogo hoje”, declarou.

Embora o filme fale da forma negativa como as mulheres humoristas eram retratadas —no longa, a atriz Alcione Mazzeo conta que havia apenas duas opções: ou se fazia graça com elas por serem feias ou por serem bonitas—, Tony Goes apontou que muitos dos trechos de programas, como os de "Os Trapalhões", são mostrados em “versão light”, deixando de lado representações problemáticas de machismo e homofobia que eram comuns na época.

De acordo com Alê Braga, isso se deve a uma tentativa de retratar a época sem julgá-la fora de contexto. “Não queríamos que fosse avaliado de acordo com o que hoje achamos certo ou errado. Procuramos colocar o contexto, entender o que realmente passava do limite e por que passava”, afirmou.

O documentário "Tá Rindo de Quê?", primeiro de uma trilogia que retrata o humor desde a ditadura até os dias de hoje, estreia quinta-feira (28). O segundo filme da série, “Rindo à Toa - Humor Sem Limites”, deve chegar aos cinemas em maio.

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