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Cinema

Palestino Elia Suleiman mescla humor e política em seu melhor filme

Em 'O Paraíso Deve Ser Aqui', quarto longa do diretor, sua poética se mostra com maior evidência

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São Paulo

O Paraíso Deve Ser Aqui

Avaliação:
  • Quando: Mostra de SP: Sáb (26) no Espaço Itaú de Cinema - Augusta (r. Augusta, 1475); seg. (28), às 21h15, no Petra Belas Artes (r. da Consolação, 2.423); ter. (29), às 16h15, no Cinearte (av. Paulista, 2.073)
  • Classificação: Livre
  • Elenco: Elia Suleiman, Gael García Bernal e Ali Suliman
  • Produção: França/Qatar/Alemanha/Canadá/Turquia/Palestina, 2019
  • Direção: Elia Suleiman

É sempre gratificante quando acompanhamos um criador em seu apogeu artístico. Em cinema, essa arte tão cara e tão frágil, por vezes isso também acontece.

"O Paraíso Deve Ser Aqui", quarto longa-metragem de Elia Suleiman, é provavelmente sua obra mais acabada, aquela em que sua poética se mostra com maior evidência.

Autor-personagem, Suleiman interpreta a si próprio, como sempre. Um cineasta palestino vai a Paris e a Nova York debater seu cinema e tentar algum financiamento nesses países de filmografias fortes.

Em "Crônica de um Desaparecimento" (1996), "O Que Resta do Tempo" (2009) e, principalmente, "Intervenção Divina" (2002), seus outros longas, a questão é entender a Palestina, esse não lugar, em relação com Israel.

Cena de 'O Paraíso Deve Ser Aqui', de Elia Suleiman - Divulgação

Em "Intervenção Divina", seu filme mais celebrado até aqui, um balão com o rosto de Yasser Arafat (1929-2004), ex-líder da Organização para a Libertação da Palestina, sobrevoa os postos militares israelenses e é como se conquistasse definitivamente Nazaré, cidade palestina controlada por Israel.

Em "O Paraíso Deve Ser Aqui", as únicas palavras que saem da boca do protagonista são "Nazaré" e "sou palestino", ditas em inglês para um taxista imigrante em Nova York. A questão agora é saber se fora de Nazaré o mundo lhe parece melhor. E sua observação implacável revela que não.

Temos momentos hilários como a perseguição policial a uma mulher com asas no Central Park, o debate com estudantes americanos de cinema, o sonho com as pessoas carregando armas nas ruas de Nova York, as ruas vazias de Paris com uma montanha de garrafas e a história contada por seu vizinho em Nazaré.

Há ainda um encontro com o ator mexicano Gael Garcia Bernal na enorme sala de espera de uma produtora americana. Gael o apresenta como um amigo palestino, o que é insuficiente para que Suleiman desperte o interesse da jovem produtora.

Elia Suleiman faz o que um grande artista deve fazer: observar atentamente o mundo à sua volta. Assim, tudo o que vemos é filtrado pelo sentido que ele dá às coisas que vê. Se o mundo está surreal, sua representação mais fiel é surrealista.

Dizer que é político é um tanto óbvio, e é pouco. "O Paraíso Deve Ser Aqui" é um grande filme, em que mesmo os momentos mais desvairados se encaixam muito bem na liberdade narrativa desse autor único.

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