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Olimpíadas de Paris refletem o cenário de pulverização das transmissões esportivas

Globo cria uma Paris só sua, com a tecnologia dos games, e CazéTV aposta na informalidade de seus apresentadores

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São Paulo

Seis milhões de pessoas visitaram a Torre Eiffel no ano passado. Agora, nos Jogos Olímpicos de Paris, que terá sua cerimônia de abertura exibida nesta sexta-feira, o ponto turístico mais concorrido da capital francesa vai ganhar um estúdio debaixo de sua estrutura. De lá, a Globo quer comandar a transmissão do evento para o Brasil —ou ao menos esta será a visão dos telespectadores.

Na verdade, apresentadores, repórteres e comentaristas vão ocupar um estúdio no Rio de Janeiro, mas, quando aparecerem em frente do Trocadéro, o cenário não trará imagens captadas na cidade. É uma Paris digital, criada por ferramentas usadas na produção de games de última geração.

A produção virtual, como a Globo batizou a tecnologia, surge no contexto em que a emissora não tem mais exclusividade sobre os direitos de transmissão do evento e enfrenta a concorrência do maior canal digital de esportes do país, a CazéTV, que soma 13,9 milhões de inscritos no YouTube.

A Torre Eiffel, em Paris, com os anéis olímpicos - Xu Chang/Xinhua

A concorrência reflete o panorama de pulverização das transmissões esportivas. A Libertadores, principal torneio de futebol dos clubes sul-americanos, em curso desde abril, é transmitida na TV aberta pela Globo, na TV fechada pela ESPN e no streaming pelos serviços da Disney e da Paramount. O último Campeonato Paulista foi exibido pela Record na TV aberta e pela CazéTV no streaming.

Assim, não raro o espectador tem dificuldade de saber onde assistir ao jogo de seu time ou campeonato favorito. Às vezes, eles nem passam mais na televisão, aberta ou fechada. Foi o caso do Pan-Americano no ano passado, que só pôde ser visto pela internet —na CazéTV, no Canal Olímpico do Brasil e no Panam Sports Channel—, após a Record, que havia transmitido as três edições anteriores, romper o seu contrato.

"Se antes o grande desafio era pagar caro para garantir a exclusividade, hoje ela não é fundamental para nenhuma das empresas", diz Joana Thimoteo, diretora de transmissões esportivas da Globo. "Para essa adequação, vamos definir onde a Globo vai estar, quais são os eventos e que tipo de direitos de transmissão a gente acha fundamental. Em alguns a gente vai estar, e em outros, não."

Para fazer frente à concorrência, a Globo tem apostado nos aparatos tecnológicos. Além do cenário virtual, que inclui voos panorâmicos por Paris como se feitos por drones, há novas mesas táteis para o debate dos jogos e um analisador de movimentos que explica manobras de esportes pouco conhecidas.

Os apresentadores são outro atrativo. A Globo convocou Tadeu Schmidt, do Big Brother Brasil, para comandar a Central Olímpica, programa noturno em que ele vai analisar os jogos do dia ao lado da jogadora de vôlei Fernanda Garay. A emissora também garantiu uma participação diária de Galvão Bueno, que fará uma crônica diária de Paris, em paralelo à produção para seu canal no YouTube, o GB.

Já Casimiro Miguel, criador da CazéTV, contratou o jogador de vôlei Alison Mamute, a ginasta Laís Souza e o surfista Pedro Scooby. A plataforma tem ainda Rômulo Mendonça, que fez carreira na ESPN, e Fernanda Gentil, que deixou a Globo há um ano e meio.

Gentil apresentará um programa num estúdio que a CazéTV alugou em frente à Torre Eiffel. Já o estúdio da Globo, uma cobertura com vista tanto para a torre quanto para o arco do Triunfo, será ocupado majoritariamente por Marcelo Barreto, que desde o fim das Olimpíadas de Tóquio apresenta o programa "Ça Va Paris!", que funcionou como uma espécie de preparação para estes jogos.

Um de seus diferenciais, diz a Globo, será mostrar o barco da delegação brasileira de dentro durante o desfile das delegações pelo rio Sena na cerimônia de abertura. Já a CazéTV diz que se diferencia com "uma linguagem mais voltada para um público jovem, descontraída e dinâmica", nas palavras do diretor de conteúdo da plataforma, Fábio Medeiros.

O executivo diz que, diferentemente do que costuma ser visto nas transmissões televisivas, a CazéTV aposta na informalidade para se aproximar do público. "É possível ter 'zoeira', sem que a 'zoeira' passe por cima do conhecimento e, principalmente, do respeito ao fã de esporte."

Medeiros afirma que espontaneidade não será confundida com amadorismo nas transmissões, que prometem análises aprofundadas sobre os jogos, numa preocupação que surgiu depois do Pan-Americano, em que a CazéTV apostou numa transmissão mais superficial e mostrou apenas alguns trechos dos jogos.

Nas Olimpíadas, a CazéTV exibirá oito jogos de forma simultânea, no YouTube, na Twitch, no Prime Video e na Samsung TV Plus, priorizando as participações do Brasil. A Globo terá uma oferta maior, por meio do Globoplay, com 40 sinais ao vivo, a fim de contemplar todos os jogos.

Os números traduzem a amplitude de cada transmissão. Na CazéTV, serão 300 profissionais envolvidos, que vão sustentar 500 horas de transmissão ao vivo, em quatro canais digitais, com dez patrocinadores. Já na Globo, que tem 21 patrocinadores, serão 200 horas de transmissão no canal aberto e mil horas nos quatro canais fechados do SporTV. Para isso, a emissora carioca conta com 400 envolvidos do departamento de esporte mais 200 responsáveis pelo estúdio de produção virtual.

O número pode parecer alto, mas a tecnologia demanda muita mão de obra, diz o diretor de pós-produção e design da Globo, Fernando Alonso. "Se Paris começar a ficar nublada, é disparado no sistema um pedido de mais nuvens no céu, aí vamos adaptar todas as outras condições climáticas, como a luminosidade, que vai ser reduzida inclusive nas frestas das janelas do estúdio."

Para além da Globo e da CazéTV, há os influenciadores. Para seu projeto "Paris É Brasa", a Play9, empresa de Felipe Neto, recrutou figuras do porte de Fátima Bernardes, que vai contar as histórias de superação dos atletas, e Igão e Mítico, do Podpah, que usarão um estúdio construído dentro da vila dos atletas.

Em paralelo, o Comitê Olímpico Brasileiro fechou parceria com uma série de padrinhos para a cobertura dos jogos, entre eles a atriz Larissa Manoela, o influenciador Hugo Gloss, a apresentadora Sabrina Sato e o cantor Wesley Safadão. Embora não possa transmitir os jogos na integralidade, este elenco pode fazer análises, mostrar os bastidores e, assim, mudar a maneira como o público assiste às Olimpíadas.

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