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Descrição de chapéu Brics China Rússia

Lula diz que ter moeda para comércio no Brics reduziria vulnerabilidades

Presidente defende que moeda comum aumenta opções de pagamento

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (23) que uma moeda comum para transações comerciais entre os países do Brics —grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul— reduziria as vulnerabilidades dessas nações.

"A criação de uma moeda para as transações comerciais e de investimentos entre os membros do Brics aumenta as nossas opções de pagamento e reduz as nossas vulnerabilidades", disse Lula em discurso na sessão plenária de abertura da reunião de cúpula do Brics, realizada em Johanesburgo, na África do Sul.

Lula ouve discurso durante cúpula dos Brics, em Johannesburgo - Gianluigi Guercia/Reuters via pool

Em sua fala, Lula também voltou a criticar o sistema financeiro global, apontando falta de representatividade em instituições multilaterais de crédito como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, criados na década de 1940 durante conferência em Breton Woods, nos Estados Unidos.

"Precisamos de um sistema financeiro internacional que ao invés de alimentar as desigualdades ajudem os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais. Isso só ocorrerá com representatividade adequada nas instituições de Breton Woods e seus fundos climáticos", afirmou o presidente.

Lula, que havia defendido a retomada da OMC (Organização Mundial do Comércio) na terça-feira (22), advogou pela retomada do sistema multilateral de comércio "para voltar a atuar como ferramenta para um comércio justo, previsível, equitativo e não discriminatório".

A declaração de Lula vai ao encontro do que afirmou Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil e atual mandatária do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), nome oficial do Banco dos Brics.

Em entrevista ao jornal Financial Times, publicada nesta terça-feira (22), Dilma disse que o banco planeja emprestar nas moedas sul-africana e brasileira como parte de um plano para reduzir a dependência do dólar e promover um sistema financeiro internacional com outros protagonistas.

Dilma também afirmou que o banco sediado em Xangai está avaliando os pedidos de adesão de cerca de 15 países e provavelmente deve aprovar a entrada de quatro ou cinco. Ela se recusou a mencionar os países, mas disse que era uma prioridade para o NDB diversificar sua representação geográfica.

"Esperamos emprestar entre US$ 8 bilhões [R$ 39,5 bi] e US$ 10 bilhões este ano [R$ 49,4 bi]", disse Dilma, em entrevista ao Financial Times. "Nosso objetivo é alcançar cerca de 30% de tudo o que emprestamos... em moeda local."

Ao mesmo tempo, o governo americano declarou que não vê o Brics como rivais geopolíticos dos Estados Unidos ou de quaisquer outros países.

O conselheiro de segurança nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, afirmou a jornalistas que o bloco é muito diverso "em sua formação atual", e destacou que os países-membros têm visões divergentes em temas como a Guerra da Ucrânia. "Da nossa perspectiva, vamos continuar a trabalhar nas relações fortes e positivas que temos com Brasil, Índia e África do Sul."

Mais cedo, Lula havia negado que o Brics busque ser um contraponto ao G7, grupo formado pelos países desenvolvidos, ou ainda ao G20 ou aos EUA. "A gente quer criar uma coisa que nunca teve, que nunca existiu", disse sobre o grupo fundado em 2009, apropriando-se do acrônimo criado por Jim O'Neil na virada dos anos 2000 para os quatro países que na época encarnavam o futuro da economia mundial. Então, formavam o Bric, no singular —só depois se tornariam o Brics, com a entrada da África do Sul no bloco.

Lula quer grupo de países para mediar guerra na Ucrânia

Em relação à guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, Lula voltou a defender a criação de um grupo de países para intermediar conversas de paz e criticou o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

"A guerra da Ucrânia evidencia as limitações do Conselho de Segurança. Muitos outros conflitos e crises não recebem a atenção devida mesmo causando vasto sofrimento às suas populações", disse.

Ao afirmar que a guerra na Ucrânia afeta de maneira desproporcional as populações vulneráveis de países em desenvolvimento, Lula saudou o que afirmou ser um número crescente de países dispostos em discutir o fim do conflito, citando iniciativas de Brasil, China e África do Sul.

"Achamos positivo que um número crescente de países, entre eles os países dos Brics, estejam engajados em contato direto com Moscou e com Kiev. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, tampouco podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia", afirmou.

"O Brasil não contempla fórmulas unilaterais para a paz. Estamos prontos para nos juntar a um esforço que possa efetivamente contribuir para um pronto cessar-fogo e uma paz justa e duradoura."

Com informações da Fernanda Perrin e da Reuters

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