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Planos de Trump para economia prejudicariam negócios dos EUA, diz relatório

Documento produzido por think-thank afirma que planos do republicano podem aumentar custos para empresas e consumidores

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Lauren Fedor
Nova York (EUA) | Financial Times

A perspectiva de mais quatro anos de Donald Trump "deveria fazer líderes empresariais tremerem", apontou um relatório do think-tank de centro-esquerda Third Way, dizendo que os planos do republicano podem aumentar os custos para empresas e consumidores.

O documento, publicado nesta sexta-feira (16), disse que as propostas comerciais protecionistas de Trump, ameaças de acabar com a independência do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e promessas de reprimir a imigração, incluindo para trabalhadores qualificados, devem alarmar os executivos.

O memorando de 10 pontos também citou o plano do republicano de expandir os cortes de impostos adotados em 2017 —algo que economistas estimam que adicionaria trilhões de dólares à dívida pública dos EUA—, bem como o comentário de que os executivos-chefes deveriam ser "demitidos por incompetência" se não o apoiarem.

O candidato republicano à presidência e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fala durante uma coletiva de imprensa no Trump National Golf Club, em Bedminster, Nova Jersey, EUA - Reuters

"Ele se retrata como esse empresário e o salvador dos negócios", disse Gabe Horwitz, vice-presidente sênior do programa econômico da Third Way e coautor do relatório. "O que ele está propondo absolutamente devastaria a economia dos EUA e realmente prejudicaria as empresas."

O relatório vem na esteira do empate de Kamala Harris, atual vice-presidente e candidata presidencial democrata, com Trump em muitas pesquisas, a pouco mais de 80 dias para a eleição de novembro.

Antes do presidente Joe Biden desistir da corrida no mês passado, ele e Trump delinearam planos protecionistas enquanto competiam para conquistar votos da classe trabalhadora em estados-pêndulo, críticos em todo o coração industrial do meio-oeste dos EUA.

Vários líderes empresariais também criticaram a administração de Biden por sua postura agressiva em relação à concorrência desleal e agenda regulatória.

Trump, ex-magnata do setor imobiliário, tem exaltado sua habilidade empresarial enquanto busca o apoio de doadores endinheirados de Wall Street ao Vale do Silício com suas promessas de cortar impostos e reduzir regulamentações. Ele conquistou o apoio de vários bilionários de fundos hedge e tecnologia de alto perfil, incluindo Steve Schwarzman, Bill Ackman e Elon Musk.

Em um discurso na quarta-feira na Carolina do Norte e em uma coletiva de imprensa em seu clube campestre em Nova Jersey na quinta-feira, o ex-presidente prometeu um "novo boom econômico de Trump" se ganhar mais quatro anos na Casa Branca. A vitória de Harris induziria uma "depressão estilo 1929", disse ele.

"Queríamos fazer um discurso sobre a economia. Muitas pessoas estão muito devastadas com o que aconteceu com a inflação e todas as outras coisas", disse Trump na quarta-feira. "Eles dizem que é o assunto mais importante. Não tenho certeza se é, mas eles dizem que é o assunto mais importante."

O candidato republicano prometeu reduzir os preços de carros, moradias, seguros e medicamentos prescritos, enquanto culpava Biden e Harris por um aumento na inflação nos últimos anos.

Mas ele também prometeu impor um regime tarifário agressivo que os economistas alertaram que aumentaria os preços de bens importados. Trump já flutuou a ideia de tarifas de 10% sobre todos os bens importados, mas na quarta-feira indicou que poderia dobrar a taxa.

"Vamos ter tarifas de 10 a 20% sobre países estrangeiros que nos exploraram por anos", disse Trump.

Trump também prometeu impor uma tarifa de até 60% sobre bens importados da China. Biden, no começo deste ano, também impôs tarifas mais altas sobre alguns bens da China, incluindo uma taxa de até 100% sobre veículos elétricos.

O companheiro de chapa de Trump, o senador de Ohio JD Vance, alarmou alguns executivos de Wall Street com suas próprias propostas de políticas protecionistas e elogios a Lina Khan, a chefe da Comissão Federal de Comércio da administração Biden.

Harris deve fazer seu próprio discurso delineando uma agenda econômica nesta sexta-feira na Carolina do Norte, enquanto tenta estabelecer suas próprias posições desde que substituiu Biden como candidata democrata.

Ela deve usar o discurso para anunciar uma repressão ao que sua campanha chamou de "exploração de preços corporativos", especialmente em alimentos e itens de supermercado, bem como apresentar propostas para tornar a moradia mais acessível, incluindo incentivos fiscais para construtores que constroem casas iniciais para compradores de primeira viagem, e créditos fiscais de até US$ 25.000 para compradores de primeira casa elegíveis.

Pesquisas com eleitores dos EUA consistentemente mostraram que eles estavam insatisfeitos com a gestão da economia do país por Biden —que eles classificam como a questão mais importante na eleição— e especialmente ansiosos sobre a inflação, que atingiu máximas de várias décadas em 2022, mas tem diminuído desde então.

Ainda assim, a pesquisa eleitoral mais recente deste mês mostrou Harris ligeiramente à frente de Trump em quem os eleitores confiavam mais na economia.

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