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Sob pressão, Macron defende ofensiva na Síria no Parlamento Europeu

Deputados contrários ao bombardeio de sábado (14) levaram cartazes com críticas ao francês 

Enquanto Emmanuel Macron discursa no Parlamento Europeu, deputados erguem cartazes contra a ação na Síria - Jean Francois Badias/Associated Press

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Berlim e Estrasburgo (França) | Reuters, Associated Press e AFP

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu em um discurso feito nesta terça-feira (17) no Parlamento Europeu a participação de seu país na ofensiva contra a Síria, apesar da reação contrária de diversos parlamentares, que seguraram cartazes com críticas à medida. 

Assim que Macron começou sua fala na sede do Parlamento na cidade francesa de Estrasburgo, um grupo de deputados levantou papéis com as frases "pare a guerra na Síria" e "tire as mãos da Síria". 

Visivelmente irritado, o presidente francês fez então uma defesa moral do bombardeio do último sábado (14, noite de sexta no Brasil), feito em parceria com os Estados Unidos e o Reino Unido. A ação foi uma resposta a um ataque com armas químicos realizados na cidade de Douma, que os países ocidentais atribuem a Damasco. O governo do ditador Bashar al-Assad e a Rússia, sua aliada, negam envolvimento. 

"Ficamos indignados cada vez que vemos imagens de crianças e mulheres que morreram no ataque com cloro [elemento usado como arma química]. Vamos ficar sentados esperando? Vamos defender os direitos dizendo que os direitos valem apenas para nós, os princípios valem apenas para nós, e a realidade vale para os outros? Não! Não!", disse o francês, que terminou sua fala quase aos gritos. 

"Três países intervieram e, permitam-me ser franco e honesto, isso foi pela honra da comunidade internacional", completou ele, que foi aplaudido por parte dos deputados. 

As declarações de Macron sobre o ataque foram semelhantes às dadas na segunda (16) pela primeira-ministra britânica Theresa May. Ela afirmou que autorizou o ataque na Síria porque a ação era a decisão correta a ser feita

Os dois líderes foram criticados por não terem buscado apoio legislativo para a empreitada e são acusados de terem autorizado o ataque por pressão do presidente americano, Donald Trump —o que Paris e Londres negam.

Na segunda, o francês teve inclusive que voltar atrás em uma declaração que tinha dado no domingo de que tinha convencido o americano a permanecer na Síria por mais tempo, o que a Casa Branca negou. 

Além da questão síria, Macron também usou o discurso no Parlamentou Europeu nesta terça para voltar a defender sua proposta de reformas para a União Europeia. Oficialmente, ele foi convidado para falar sobre o futuro do bloco após a saída do Reino Unido, o "brexit". 

O francês afirmou que as mudanças são necessárias para enfrentar a onda de nacionalismo que atinge o continente. "Para encarar o autoritarismo, a resposta não é uma democracia autoritária e sim a autoridade da democracia", afirmou, sem citar exemplos de governos populistas na região, como a Hungria e a Polônia. 

Merkel e Putin 

Pouco após o discurso de Macron, a chanceler alemã Angela Merkel disse que concorda com o francês sobre a importância das reformas na União Europeia serem feitas rapidamente.

Ela também revelou ter conversado por telefone com o presidente russo Vladimir Putin sobre a situação na Síria. A chanceler disse que os dois concordaram que é preciso buscar uma resolução política para acabar com a guerra civil no país

Merkel disse ainda que ela e Putin deverão se encontrar em breve para debater o assunto, mas ainda não há data definida.

Apesar disso, a alemã também criticou o russo por seu apoio a Assad na Síria e disse que Moscou é corresponsável pelo ataque químico em Douma.

"A Rússia, como aliada de Assad, tem responsabilidade conjunta, não há dúvidas sobre isso, mas mesmo assim é importante continuar conversando com a Rússia", disse ela. Embora Merkel tenha expressado apoio ao ataque feito por franceses, britânicos e americanos, a Alemanha decidiu não participar da ação. 

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